São Paulo, domingo, 27 de março de 2011

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Pacientes de plano pagam extra para fazer o parto

Clientes das Unimeds em SP gastam até R$ 2.000 para ter médico do pré-natal

Agência Nacional de Saúde Suplementar diz que informação precisa estar no contrato ou plano pode ser acionado


HÉLIA ARAUJO
DE RIBEIRÃO PRETO

Prestes a dar à luz, a dona de casa Flaviane Assunção Dinis Soares, 25, precisou pensar em um problema. Pagar ou não uma taxa extra de R$ 500 para ter o parto realizado pelo médico que acompanhou toda sua gravidez.
A taxa é uma exigência na Unimed de Franca, onde mora Flaviane. E ela acabou escolhendo a alternativa que lhe dava mais segurança: ter o filho com o obstetra que a acompanhara ao longo dos nove meses de gestação.
"O médico avisou da cobrança quando fui fazer o pré-natal, mas no contrato do plano não constava nada disso", diz Flaviane.
A exigência no plano de saúde-que é uma cooperativa de médicos- não é exceção. Unimeds de outras cidades do interior paulista- como Campinas e Americana- também cobram a taxa, que chega até a R$ 2.000.
Outras cooperativas estudam fazer o mesmo. Em Ribeirão Preto, a medida passa a valer a partir de agosto.
A cobrança ocorre porque esses planos criaram escalas fixas de obstetras plantonistas. São eles que fazem os partos sem custo adicional.
Caso as futuras mães queiram escolher outro médico, elas pagam um adicional, a "taxa de chamada".
No entanto, nem todas as mães, conseguem pagar.
A dona de casa Letícia Olian Pedais da Costa, 22, não pôde. Na sexta-feira, ela deu à luz Stella no Hospital São Joaquim, credenciado da Unimed em Franca.
Segundo ela, o parto foi realizado por um obstetra plantonista, já que não tinha como pagar os R$ 400 cobrados pela médica que acompanhou todo o seu pré-natal.

FISCALIZAÇÃO
A ANS (Agência Nacional de Saúde), responsável pela fiscalização dos planos de saúde, diz que a paciente pode exigir que o parto seja feito pelo médico dela, sem que tenha que pagar adicional.
Segundo a gerente-geral da área suplementar da agência, Martha Oliveira, se a informação sobre a taxa não estiver clara no contrato, o médico e o plano de saúde não podem fazer a cobrança.
"Caso seja provado que a cobrança foi feita irregularmente podemos acionar o plano de saúde", afirma.
Ela diz que falhas éticas dos médicos podem ser encaminhada ao Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo).
O diretor da controladoria do Hospital São Joaquim, Zainer Gonzaga, diz que muitas pacientes ainda optam por pagar o adicional, embora a aceitação dos plantonistas seja tida como boa. "A relação entre médico e paciente é muito pessoal e de extrema confiança."


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