São Paulo, domingo, 27 de março de 2011

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FOCO

Abadia de Goiás se orgulha de ser depósito de lixo radioativo

SOFIA FERNANDES
DE BRASÍLIA

O desenho de um boi e um símbolo radioativo estampam a bandeira de Abadia de Goiás. O orgulho da pecuária, forte no rincão goiano, e de um depósito de lixo infectado são o símbolo máximo da cidade. Ela abriga os despojos do maior acidente nuclear do Brasil.
São seis mil toneladas de lixo radioativo, originado do rompimento de uma cápsula com 19 gramas de césio. Roupas, plantas, destroços de casas e até animais vivos tiveram de ser lacrados em chumbo e concreto.
O material contaminado no desastre do césio-137 em Goiânia, em 1987, foi transportado dias depois para Abadia (a 15 km da capital).
Hoje, a cidade trata aquilo que seria sua chaga como um presente, que lhe deu notoriedade e até renda.
A União paga R$ 28 mil a cada três meses para o município, de 7.000 habitantes, por abrigar o depósito.
A unidade da Cnen (Comissão Nacional de Energia Nuclear) montada em Abadia recebe 10 mil visitas por ano, de gente de todo o país. Com o incidente nuclear no Japão, a curiosidade e o número de visitas aumentou.
No depósito, que mais parece duas colinas cobertas por grama, estão 4.223 tambores de 200 litros, 1.347 caixas metálicas, oito recipientes de concreto e dez contêineres marinhos.
O morador Jeudi Vieira de Macedo, 31, diz que o lixão foi um dos motivos da emancipação da cidade, em 1995. "O depósito foi para a cidade um ponto positivo, e não se fala toda hora no césio."
Segundo o coordenador do Cnen, Leonardo Bastos Lage, a área do depósito é constantemente monitorada e não há risco de vazamento.
No centro de Goiânia, onde o acidente aconteceu, resta um terreno vazio, com piso concretado, e a promessa de um museu sobre o acidente.


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