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SAÚDE
Em São Paulo, Lula entrega 252 ambulâncias, mas atendimento unificado entre Estados, União e municípios ainda é discutido
Serviço de urgência segue sem integração
AURELIANO BIANCARELLI
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
A julgar pela fala do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva e de um
séquito de ministros, o país viverá
um cenário de Primeiro Mundo
-pelo menos na área de urgências em saúde. Um telefonema
gratuito ao 192 fará com que uma
ambulância vermelha e branca esteja na porta da casa do paciente
em menos de 12 minutos.
O desafio, no entanto, é racionalizar: fazer com que serviços semelhantes tocados pelos Estados
atuem em sintonia com o programa do governo federal, que será
gerenciado pelas prefeituras.
A oficialização, ontem, do Samu
(Serviço de Atendimento Móvel
de Urgência) federal se deu com a
entrega de 252 ambulâncias em
uma cerimônia na fábrica da Mercedes-Benz de São Bernardo do
Campo, na Grande São Paulo.
A promessa é 480 veículos até o
final do semestre e 1.480 no fim do
ano. Até junho, serão beneficiados 229 municípios e 45,8 milhões
de pessoas. Serão 32 centrais de
regulação com médicos 24 horas,
informação sobre a rede hospitalar e poder para garantir vagas. "O
povo quer ser atendido quando
precisa ser atendido. E médico é
como polícia, quando você precisa, não acha", disse Lula.
O programa, que pode parecer
novo, vem na verdade na esteira
de 16 serviços que já atuam há
anos dentro do mesmo princípio
do Samu. A idéia segue um modelo francês que já era pregado em
1944. Aliás, em setembro passado,
o Ministério da Saúde fez uma
grande cerimônia em São Paulo
para anunciar o programa -a
pasta divulga que a novidade de
ontem foi Lula oficializar o número 192 como telefone do serviço.
A maioria das 11 cidades até
agora contempladas pelo Samu
federal é governada pelo PT -o
ministério alega que foram escolhidas porque já tinham o serviço.
Nos 229 que serão atendidos, as
cidades petistas são minoria, informou a pasta. Foram escolhidas
aquelas que apresentaram projetos adequados, disse o ministro
da Saúde, Humberto Costa.
Alguns Estados, como o Piauí,
têm um maior número de cidades
contempladas porque pequenos
municípios formaram consórcios
e apresentaram um único projeto.
O investimento do governo federal prometido para o primeiro
ano é de R$ 297 milhões.
Concorrência
Costa prevê, pelo menos na fase
inicial, uma dificuldade de integração e até mesmo uma "concorrência" entre Samu federal e o serviço dos Estados -a dualidade
está presente na maioria das capitais, afirma. A idéia é levar a discussão sobre "como integrar" para o comitê gestor do serviço,
também criado ontem. "Nós vamos construir isso."
Em São Paulo, por exemplo, o
Samu já existe desde 1990 graças a
uma ação conjunta das secretarias
estaduais da Saúde e da Segurança Pública. Atende no 193.
Segundo Clara Whitaker, que
coordena a área de urgências da
Prefeitura de São Paulo, o município e o Estado, governados por PT
e PSDB, respectivamente, ainda
conversam sobre a unificação, assunto que se arrasta há anos.
De acordo com ela, antes de São
Paulo aderir ao Samu federal, tinha pouco a oferecer no processo
de integração, suas rede de urgências estava desestruturada e com
ambulâncias quebradas, daí a demora. "A unificação vai racionalizar, melhorar o serviço."
Hoje, as centrais 192 e 193 ainda
não têm uma comunicação on-line, explica, o que evitaria que
duas ambulâncias atendam o
mesmo caso, por exemplo.
Mesmo com a ajuda federal, a
capital só atingirá o número ideal
de ambulâncias, 131, no segundo
semestre, disse ainda.
Costa afirmou que, no futuro,
haverá integração ainda com
aviões e helicópteros do Salvaéreo, da Aeronáutica, com as 115
ambulâncias e dez helicópteros da
Polícia Rodoviária Federal, e todo
o efetivo e equipamento do Corpo
de Bombeiros, além dos serviços
privados ligados às concessionárias das rodovias.
"Quando tomei posse, a impressão que eu tinha é que esse
país estava na UTI. Hoje ele já está
andando pelos corredores", disse
ainda Lula na apresentação.
Na cerimônia, apenas uma falha, embora ilustrativa: para um
presidente que veio anunciar um
serviço de urgência, atrasar uma
hora não foi um bom sinal.
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