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Expulso, "ex-fiel" vai à Justiça por filhas
Casamento de 14 anos termina após homem discordar da venda de bens; ex-mulher e três filhas decidem seguir pastor
Taxista diz que filho vendeu tudo o que tinha e entregou R$ 240 mil à igreja; imóvel de pastor está à venda por R$ 300 mil em Vitória
DA AGÊNCIA FOLHA, EM VITÓRIA
Como quase toda igreja, a Tabernáculo Vitória também tem
seus dissidentes. Um ex-fiel da
igreja, que pediu para não ser
identificado, se disse "desesperado" pela decisão da mulher e
das três filhas de sair de casa e
seguir o pastor Inereu.
Ele tenta a guarda das meninas com requerimento na 5ª
Vara da Família de Vitória.
"Minha mulher, que ainda
amo, me deixou. Ela está cega,
acreditando nesse pastor que
fez pressão para as pessoas venderem seus bens." Ele afirmou
ter sido o único a se opor à decisão de venda dos bens, durante
culto em maio de 2007. Foi expulso da igreja e viu seu casamento de 14 anos acabar.
Ele freqüentou a igreja por 17
anos. Disse que os antigos "irmãos" venderam bens a preços
inferiores aos de mercado, enquanto o pastor Inereu não se
desfaz de seus imóveis -a propriedade do líder em Vitória está à venda por R$ 300 mil.
O taxista João Fantine, 55, é
pai do primeiro fiel, de 35 anos,
a entregar dinheiro à igreja
-R$ 240 mil. "Ele vendeu um
ponto de táxi, uma casa, um
carro. Esse pastor deve ter feito
lavagem cerebral nele."
A ex-fiel Sarah Zucon, 32,
disse que o irmão pediu que
vendesse tudo para ir com ele a
Ecoporanga. Quando disse não,
o irmão rompeu com ela.
O Ministério Público apurou
as condições de vida na antiga
sede da igreja, em Vitória,
atualmente à venda por R$ 4
milhões. Chegou a entrar no local, onde há 50 quitinetes, com
mandado judicial, e constatou
que não havia problemas. Também investigou a freqüência escolar de alunos da comunidade
-não haviam estudado em
2006 e em 2007.
"Recebemos denúncias de
que a igreja estava privando o
direito da criança de convivência comunitária. Para mim, havia, em Vitória, cerceamento de
liberdade. Quando a pessoa está reclusa, está sujeita ao risco
de alienação", disse a promotora Zumira Bowen. A apuração
em Vitória se encerrou quando
a igreja deixou a cidade.
Em Ecoporanga, o Ministério Público e o Conselho Tutelar apuraram denúncia sobre
baixa freqüência das crianças
na escola e constataram que
elas são assíduas. O promotor
Sandro Sgrancio afirmou que
vai acompanhar a situação das
crianças e o andamento do projeto do condomínio para verificar eventual apropriação indébita de bens.
(CA)
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