São Paulo, terça-feira, 27 de abril de 2010

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Medo da violência já afeta rede hoteleira

Segundo entidade do Guarujá, turistas cancelaram reservas no fim de semana

Setor empresarial nega perigo e diz que temor se deve à falta de informações, já que os crimes ocorreram na periferia da cidade


Almeida Rocha/Folha Imagem
Marca de bala no local onde Alessandra Madeira, 29, foi morta a tiros por um homem na madrugada da última sexta, em Santos

MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Mesmo antes de o governo dos EUA divulgar comunicado recomendando que os americanos evitem viajar para o litoral paulista, a rede hoteleira do Guarujá já sentia os efeitos da repercussão dos casos de violência na cidade.
Segundo Ricardo Roman Junior, presidente do Guarujá Visitors Convention Bureau, turistas cancelaram reservas e deixaram os hotéis praticamente vazios no último final de semana, apesar do tempo bom.
Ele cita o seu hotel, o Delphin, na praia da Enseada, onde a ocupação dos quartos ficou em 20% -costuma variar entre 40% e 50% nesta época do ano.
Para ele, tanto o temor dos turistas quanto o alerta do governo dos EUA são atitudes tomadas "sem informação". "Os crimes foram na periferia, longe da zona turística", disse. Os seis homicídios ocorridos no final de semana anterior foram em Vicente de Carvalho, distrito de Guarujá, distante da orla.
Para Roman Junior, apesar de apenas 10% dos turistas do Guarujá serem estrangeiros, a medida é prejudicial, pois chama a mídia novamente para um fato negativo sobre a cidade.
O alerta feito pelos EUA prejudica o turismo como um todo, na opinião do presidente da Associação Empresarial e Comercial do Guarujá, João Marcelo Stuque. "Turistas podem achar que essa informação tem fundamento, quando não tem."
Entre os moradores das regiões mais turísticas do Guarujá, as reações foram diferentes. A estudante Elizabeth Medeiros, 28, moradora da Enseada, diz que só foi à aula pela presença. "Vários colegas e eu voltamos logo para casa porque havia o boato do toque de recolher. Estávamos com medo."
A também estudante Giovana Mangini, 23, diz que não ficou assustada porque acreditava que a violência não chegaria a seu bairro, o das Astúrias.
O prefeito de Santos, João Paulo Tavares Papa (PMDB), afirmou, por meio de nota oficial, que os casos de violência dos últimos dias não representam risco para moradores ou turistas. "A Prefeitura de Santos entende que a nota divulgada pelo Consulado dos Estados Unidos não se justifica."
Já a prefeita do Guarujá, Maria Antonieta de Brito (PMDB), não comentou.
Depois do toque de recolher na periferia do Guarujá após as mortes, boatos se espalharam em Santos e Praia Grande na última sexta de que essas cidades também seriam alvo de toque de recolher, o que não ocorreu.
De acordo com o delegado titular do 2º DP de Guarujá, Josias Teixeira de Souza, ainda é cedo para estabelecer relações entre os crimes no Guarujá e nas outras cidades.

Colaborou JOSÉ ERNESTO CREDENDIO, da Reportagem Local



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