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MAGIA NEGRA
Eram acusadas de matar garoto
Juíza absolve
acusadas de
rito macabro
JOSÉ MASCHIO
da Agência Folha, em Londrina
Celina e Beatriz Abagge, mãe e
filha, acusadas pelo assassinato,
em abril de 1992, do garoto Evandro Ramos Caetano, foram absolvidas na madrugada de ontem em
São José dos Pinhais (região metropolitana de Curitiba), no mais
longo julgamento da história da
Justiça brasileira.
Na entrada do 35º dia consecutivo de sessões, o Corpo de Jurados,
à 0h25 de ontem, decidiu absolver
Celina Abagge por 4 votos contra
3, e Beatriz Abagge (5 votos contra
2) por co-autoria nos crimes de sequestro, cárcere privado, homicídio e ocultação de cadáver.
Mãe e filha eram acusadas, juntamente com o pai-de-santo Oswaldo Marcineiro e outras quatro
pessoas, pela morte de Evandro
Caetano Ramos, então com seis
anos, em um ritual de magia negra
em 7 de abril de 1992.
Celina e Beatriz, mulher e filha
do prefeito de Guaratuba (litoral
do PR) na época, Aldo Abagge,
chegaram a confessar o crime. Ao
final do julgamento, a defesa conseguiu mostrar aos jurados que a
confissão de ambas havia sido
conseguida sob tortura.
A Promotoria anunciou, ao final
do julgamento, que irá recorrer da
sentença. Marcineiro e os outros
quatro acusados serão levados a
julgamento a partir de maio.
A juíza Marcelise Weber Lorite,
além de absolver as duas, determinou a instauração de inquérito para apurar crime de falso testemunho contra o artesão Edésio Silva,
que disse ter visto o menino Evandro Caetano em um carro com Celina e Beatriz Abagge no dia do crime. Lorite determinou ainda abertura de novo inquérito para confirmar a identidade do corpo.
A prisão dos acusados e as confissões foram feitas pela P-2 (polícia secreta da Polícia Militar do
Paraná), que não teria, de acordo
com o advogado de defesa, Antonio Figueiredo Basto, atribuição
legal para exercer funções "próprias da polícia civil".
A Defesa mostrou, através de
computação gráfica, que foram
feitos 23 cortes em uma fita cassete
de 21 minutos que registra a confissão de Celina e Beatriz Abagge.
Se podia ouvir uma voz ao fundo
orientando a confissão de Beatriz.
"Confesse direitinho que nós não
lhe pomos a mão", afirmava a voz.
Basto disse que a família Abagge
irá processar o Estado.
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