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USP fará auditoria na folha de pagamentos
Universidade abriu concorrência para contratar empresa para investigar gasto com salários e benefícios de 2000 a 2006
Um dos itens a ser apurado
é o salto da participação
dos salários no orçamento, que foi de 55% em 2000 para 86,67% em 2006
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
A reitora da USP, Suely Vilela, contratou uma auditoria externa para fazer um pente-fino
nos gastos da universidade com
pessoal entre 2000 e 2006.
A decisão foi tomada no ano
passado, mas a concorrência
instaurada para contratar uma
auditoria independente atrasou e só teve as propostas abertas no último dia 18. A USP não
divulgou o valor do contrato,
mas as concorrências normalmente têm valor acima de R$
600 mil. Abaixo disso, há outras
modalidades de contratação.
A minuta do contrato, à qual
a Folha teve acesso, lista uma
série de itens que devem ser investigados pelos auditores, como controles e autorizações
para a concessão de horas extras, verbas de representação,
gratificações e reajustes.
Outro ponto a ser investigado são as variações ocorridas
na folha de pagamento entre
janeiro de 2000 e dezembro de
2006, primeiro ano de Suely à
frente da reitoria da USP.
Em 2000, a universidade tinha 24.210 funcionários, entre
ativos e inativos, número que,
seis anos depois, chegaria a
26.087. No período, a participação dos salários no orçamento da universidade saltou de
cerca de 55% (em 2000) para
86,67%, três anos atrás. Neste
ano, a folha chega a R$ 2,4 bilhões, 83,17% do orçamento.
A minuta do contrato, porém, não especifica exatamente que tipo de variação será
avaliada pelos auditores, o que
a USP também não divulgou.
A auditoria ainda deve avaliar a confiabilidade dos sistemas que processam a folha de
pagamento e o controle de frequência dos servidores.
A USP tem autonomia para
gerir a verba recebida do governo do Estado, mas é fiscalizada
pelo Tribunal de Contas do Estado, que não apontou problemas nos últimos anos.
A assessoria de comunicação
da reitora disse que só o Departamento de Recursos Humanos poderia falar a respeito da
auditoria, mas que os técnicos
do setor estavam envolvidos
nas negociações salariais com
os servidores ontem à tarde.
Os ex-reitores Adolpho José
Melfi e Jacques Marcovitch
não foram localizados ontem
para comentar as investigações
nas folhas de pagamento durante suas gestões.
Sindicância
Antes mesmo da auditoria, a
reitoria da USP abriu sindicância para apurar possíveis irregularidades no pagamento de
R$ 49.486 em horas extras para
quatro funcionárias da Poli
(Escola Politécnica), em um
período de dois meses.
As quatro trabalham no departamento de Assistência
Técnica de Pesquisa, Cultura e
Extensão e, segundo o diretor
da Poli, Ivan Gilberto Sandoval
Falleiros, organizaram entre 1º
de agosto e 30 de setembro o
Seminário Internacional de
Iniciação Científica da USP.
O evento aconteceu em novembro, mesmo mês em que
elas ganharam o pagamento extra. Apenas uma das funcionárias recebeu R$ 26.687.
O diretor da Poli não soube
informar quantas horas a mais
elas teriam trabalhado no mês.
Segundo a assessoria de imprensa da USP, a sindicância foi
aberta após denúncia do sindicato dos funcionários.
Colaborou TALITA BEDINELLI , da Reportagem
Local.
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