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Obstetras de SP lançam campanha contra planos
Médicos pressionam os convênios de saúde para que valores pagos por partos e consultas sejam reajustados
Haverá anúncios em outdoors e em meios de comunicação; entidade de planos diz que não pode falar sobre o tema
RICARDO WESTIN
DE SÃO PAULO
Ginecologistas e obstetras
de São Paulo lançaram uma
campanha publicitária
-com outdoors e anúncios
em rádios, jornais e revistas
de todo o Estado- em que
atacam os planos de saúde.
Nos anúncios, afirmam
que há operadoras que pagam aos médicos R$ 200 por
parto e R$ 25 por consulta.
Para os médicos, esses valores são muito baixos. Eles
pedem pelo menos R$ 1.000
pelo parto e R$ 100 pela consulta. Só os planos executivos, que são poucos, oferecem honorários assim.
Quando quem paga é a
própria paciente, e não o plano de saúde, os médicos recebem em média R$ 2.000 e
R$ 200, respectivamente.
A campanha, lançada ontem pela Sogesp (entidade de
ginecologistas e obstetras de
SP), diz que há convênios
que não dão valor "à vida".
"Com esses honorários vis
e injustos, nós simplesmente
não podemos atender às mulheres e aos bebês com a dignidade que merecem", afirma César Eduardo Fernandes, presidente da Sogesp.
EXCESSO DE MÉDICOS
Caso não haja reajuste, os
médicos dizem que cruzarão
os braços em 18 de outubro
-Dia do Médico. Descartam
paralisação de vários dias,
para que as pacientes não sejam prejudicadas.
Essa reação tem o apoio do
Conselho Regional de Medicina e do Sindicato dos Médicos de São Paulo.
A Folha procurou duas representantes dos planos de
saúde. A Abramge disse que
não lhe compete falar dos honorários. Com a Fenasaúde,
não conseguiu contato.
Dos cerca de 190 milhões
de brasileiros, perto de 42 milhões têm plano de saúde.
Entre 2000 e 2009, a mensalidade dos planos individuais
teve reajuste de 120%.
Mesmo com o reajuste
anual da mensalidade, os
médicos reclamam que há
anos não ganham aumento
significativo.
Argumentam que não têm
poder de barganha por causa
do excesso de profissionais
-quando um médico desiste
de atender pelo plano, há
sempre outro disposto a ocupar esse lugar. O Estado de
São Paulo tem cerca de 5.500
ginecologistas e obstetras.
Por outro lado, certos obstetras, além de receberem do
convênio pelo parto, acabam
cobrando um valor extra das
pacientes -prática condenada pelas entidades médicas.
Para a Sogesp, a ANS
(agência que regula os planos de saúde) deveria preocupar-se com a remuneração. Segundo a entidade, ao
receber pouco, o médico tende a trabalhar em mais de um
hospital e a atender apressadamente aos pacientes.
Procurada, a ANS não encontrou um diretor que pudesse comentar o assunto.
PARTO FILMADO
Florisval Meinão, diretor
da Associação Médica Brasileira, compara: "Até o cinegrafista que filma o parto ganha mais que o obstetra".
Enquanto há planos que
pagam R$ 200 ao médico, os
cinegrafistas do Rio e de São
Paulo cobram em média R$
450 pela filmagem.
"Esse não é um problema
só de ginecologistas e obstetras. E nem só em São Paulo",
acrescenta. "É de todas as especialidades e no país todo."
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