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LEGISLATIVO
Segundo projeto de lei, exploração poderá ser autorizada por governos; atividade clandestina vira crime
Comissão do Senado legaliza jogos de azar
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A legalização de jogos de azar,
como o jogo do bicho, está para
ser aprovada pelo Senado, desde
que sua exploração seja autorizada diretamente ou mediante licitação pela União, pelos Estados e
pelos municípios.
Se praticados fora dessas condições, os jogos passam a ser considerados crime, em vez de contravenção, como ocorre atualmente.
O projeto já passou pela (CCJ)
Comissão de Constituição e Justiça e, pelas regras, pode dispensar
votação em plenário.
Crime
Hoje os jogos de azar são tratados como contravenção penal,
para a qual está prevista prisão de
três meses a um ano, além de multa. A lei é tão antiga que os valores
ainda são expressos em contos de
réis. Com a mudança, os infratores estarão sujeitos a pegar de dois
a seis anos de detenção e a pagamento de multa.
"Essa é a porta aberta para lavar
o dinheiro de drogas, sequestros,
tráfico de armas, enfim, as atividades do crime organizado", afirma a juíza aposentada Denise
Frossard, que em 1993, numa sentença histórica, levou para a cadeia 14 banqueiros do bicho.
"Jogo do bicho não dá dinheiro.
Mas serve para mascarar as verdadeiras atividades, essas sim que
rendem dinheiro aos banqueiros
[do bicho"", diz Denise, que é
candidata a deputada federal pelo
PSDB do Rio de Janeiro.
Crítica
"Acho essa idéia [de criminalizar e, ao mesmo tempo, permitir
os jogos de azar" um contra-senso
do legislador brasileiro. Na prática, vai privilegiar o Estado, que
poderá explorar mais esse negócio direta ou indiretamente [por
licitação"", avalia o criminalista
Safe Carneiro, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil do
Distrito Federal.
O projeto de lei deve ser apresentado hoje à Mesa do Senado
para leitura em plenário. Depois
de lido, será aberto prazo para recurso -geralmente, de cinco dias
úteis- e, finalmente, a proposta
sobre jogos de azar seguirá para a
Câmara dos Deputados.
Em sua justificativa para encaminhar o projeto, que tramitou
em apenas três meses no Senado,
o autor, senador Maguito Vilela
(PMDB-GO), associa os jogos ao
crime organizado, narcotráfico,
lavagem de dinheiro, enfim, às
práticas que levariam ao aumento
da violência no país.
Segundo números apresentados por Vilela, os jogos ilegais
movimentam cerca de R$ 20 bilhões anuais, contra R$ 2,75 bilhões de apostas oficiais, via Caixa
Econômica Federal. A atividade
paralela geraria um prejuízo de
R$ 1,9 bilhão com sonegação de
impostos.
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