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São Paulo, sexta-feira, 27 de junho de 2003

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MINAS GERAIS

Governo quer unificar corregedorias para investigação de crimes

Órgãos debatem corrupção policial

THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Integrantes das comissões de Direitos Humanos e de Segurança Pública da Assembléia Legislativa de Minas, Ministério Público, Secretaria da Defesa Social e corregedorias das polícias Civil e Militar discutiram ontem a criação de um grupo de trabalho para levantar formas de identificar e coibir a corrupção policial no Estado.
Após o encontro, o secretário adjunto da Defesa Social, Luiz Flávio Sapori, informou que o Executivo enviará, até o final de julho, projeto de lei à Assembléia unificando as atividades das corregedorias das polícias. O novo órgão, vinculado ao governo, teria independência para investigar e punir casos de corrupção.
A reunião foi agendada após denúncias e prisões envolvendo policiais civis e militares, acusados de participação em tráfico de drogas, extorsão de dinheiro e prostituição em Belo Horizonte. Dez policiais civis e três militares estão presos após terem sido reconhecidos por testemunhas.
A suposta rede de tráfico de drogas e extorsão é investigada desde 30 de maio. Na ocasião, S.H.M, 49, presa com drogas, afirmou que policiais comandam a venda de entorpecentes no centro da capital mineira e são responsáveis pela morte de cinco prostitutas somente neste ano.
Na quarta da semana passada, quatro prostitutas confirmaram, em depoimento à Comissão de Direitos Humanos, participação de policiais militares e civis em crimes na capital. Encapuzadas, tiveram a identidade preservada.
Anteontem à noite, no entanto, uma delas teria sido agredida a chutes e socos por um homem -ainda não identificado- por estar "falando demais".
A informação foi confirmada pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia, deputado Durval Ângelo (PT). Segundo Ângelo, ela iria depor no Ministério Público nos próximos dias, mas não foi localizada após a agressão.

Protesto
Também anteontem, cerca de 800 policiais civis, em dezenas de carros da corporação, seguiram até a Assembléia, após enterro do detetive Marcelo Ferreira, 40, assassinado na noite anterior.
Policiais prometeram vingar com mortes os assassinatos de colegas e fizeram ameaças a deputados que investigam irregularidades na instituição.
Em carro de som, o diretor de Comunicação do Sindpol (Sindicato dos Servidores da Polícia Civil de Minas Gerais), Robert William, afirmou que "policial não tem sangue de barata". "Não nos responsabilizamos por atos contra quem fica denegrindo a imagem da Polícia Civil. Deputados, dobrem a língua antes de falar de policiais civis."
O presidente do Sindpol, José Magella Pereira, que entregará o cargo na segunda, diz que a entidade não apóia as declarações feitas na manifestação e classificou o protesto de "desabafo isolado".
Ontem, deputados da Mesa Diretora e das comissões de Direitos Humanos e Segurança Pública foram recebidos pelo governador Aécio Neves (PSDB). Eles cobraram providências em relação ao que consideraram uma "tentativa de intimidação" do Legislativo.
Após o encontro, Aécio divulgou nota em que diz considerar o protesto "um momento de emoção da categoria" e que as denúncias continuarão sendo apuradas.


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