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MINAS GERAIS
Governo quer unificar corregedorias para investigação de crimes
Órgãos debatem corrupção policial
THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Integrantes das comissões de
Direitos Humanos e de Segurança
Pública da Assembléia Legislativa
de Minas, Ministério Público, Secretaria da Defesa Social e corregedorias das polícias Civil e Militar discutiram ontem a criação de
um grupo de trabalho para levantar formas de identificar e coibir a
corrupção policial no Estado.
Após o encontro, o secretário
adjunto da Defesa Social, Luiz
Flávio Sapori, informou que o
Executivo enviará, até o final de
julho, projeto de lei à Assembléia
unificando as atividades das corregedorias das polícias. O novo
órgão, vinculado ao governo, teria
independência para investigar e
punir casos de corrupção.
A reunião foi agendada após denúncias e prisões envolvendo policiais civis e militares, acusados
de participação em tráfico de drogas, extorsão de dinheiro e prostituição em Belo Horizonte. Dez
policiais civis e três militares estão
presos após terem sido reconhecidos por testemunhas.
A suposta rede de tráfico de
drogas e extorsão é investigada
desde 30 de maio. Na ocasião,
S.H.M, 49, presa com drogas, afirmou que policiais comandam a
venda de entorpecentes no centro
da capital mineira e são responsáveis pela morte de cinco prostitutas somente neste ano.
Na quarta da semana passada,
quatro prostitutas confirmaram,
em depoimento à Comissão de
Direitos Humanos, participação
de policiais militares e civis em
crimes na capital. Encapuzadas,
tiveram a identidade preservada.
Anteontem à noite, no entanto,
uma delas teria sido agredida a
chutes e socos por um homem
-ainda não identificado- por
estar "falando demais".
A informação foi confirmada
pelo presidente da Comissão de
Direitos Humanos da Assembléia, deputado Durval Ângelo
(PT). Segundo Ângelo, ela iria depor no Ministério Público nos
próximos dias, mas não foi localizada após a agressão.
Protesto
Também anteontem, cerca de
800 policiais civis, em dezenas de
carros da corporação, seguiram
até a Assembléia, após enterro do
detetive Marcelo Ferreira, 40, assassinado na noite anterior.
Policiais prometeram vingar
com mortes os assassinatos de colegas e fizeram ameaças a deputados que investigam irregularidades na instituição.
Em carro de som, o diretor de
Comunicação do Sindpol (Sindicato dos Servidores da Polícia Civil de Minas Gerais), Robert William, afirmou que "policial não
tem sangue de barata". "Não nos
responsabilizamos por atos contra quem fica denegrindo a imagem da Polícia Civil. Deputados,
dobrem a língua antes de falar de
policiais civis."
O presidente do Sindpol, José
Magella Pereira, que entregará o
cargo na segunda, diz que a entidade não apóia as declarações feitas na manifestação e classificou o
protesto de "desabafo isolado".
Ontem, deputados da Mesa Diretora e das comissões de Direitos
Humanos e Segurança Pública foram recebidos pelo governador
Aécio Neves (PSDB). Eles cobraram providências em relação ao
que consideraram uma "tentativa
de intimidação" do Legislativo.
Após o encontro, Aécio divulgou nota em que diz considerar o
protesto "um momento de emoção da categoria" e que as denúncias continuarão sendo apuradas.
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