São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 2006

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PCC ameaça fazer "muitos" ataques, diz governador

Lembo disse que as primeiras ameaças foram feitas na quinta-feira passada

Secretário Saulo disse que facção quer se promover e que grupo criminoso é monitorado por meio de 19 mil escutas telefônicas


AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL

Antes mesmo de ser questionado pelos jornalistas, o governador Cláudio Lembo (PFL) se apressou para falar das ameaças do PCC de realizar "muitos" ataques no Estado. A afirmação foi feita após uma cerimônia no Palácio dos Bandeirantes.
De acordo com o governador, o PCC voltou a fazer ameaças na quinta-feira passada, dia do jogo do Brasil contra o Japão. Mas, segundo Lembo, foram "rechaçados duramente" pela polícia na manhã de ontem. "Nós conseguimos saber onde haveria os ataques. Nós tínhamos escutas, sabíamos o que iam fazer e reagimos. Eles foram vencidos", afirmou.
O governador, porém, disse não estar feliz. "Eu preferia que houvesse paz e tranqüilidade, não essa violência", afirmou.
Indagado sobre quantos ataques o Estado tinha informação de que ocorreriam na madrugada de ontem, ele respondeu que seriam "muitos". "Iam atacar aqueles pontos tradicionais contra autoridades, metralhando delegacias, obras públicas, instituições públicas. Felizmente, não conseguiram."
O governador afirmou não acreditar que a ordem para esses novos ataques tenha partido de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, o líder máximo do PCC. "Ele está em regime disciplinar", disse.
Mas afirmou que a população pode ficar tranqüila. "A polícia está em alerta. Eu acho que as demonstrações que têm sido dadas pela Polícia Civil e pela Polícia Militar permitem que fiquemos tranqüilos. Eu estou absolutamente tranqüilo."
Já o secretário da Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, que falou logo após o governador, minimizou a suposta tentativa de ataque de ontem. "Não foi ataque nesse termo de sair por aí dando tiro. Foram tentativas de resgate, eventualmente atacariam agentes penitenciários para desestabilizar o sistema, para as pessoas se sentirem desprotegidas", disse.
De acordo com ele, o PCC usa as ameaças como forma de fazer "propaganda". Disse ainda que a reação da polícia e as mortes dos supostos criminosos serviram como um aviso "para quem pretender atacar prédio público, funcionário, de como a ação da polícia será". "Nós esperamos sempre que eles joguem as armas e se entreguem. Duzentos e setenta fizeram isso. Oitenta resolveram enfrentar, morreram", disse, referindo-se às mortes em confronto com a polícia após os ataques do PCC em maio.
Sobre possíveis ataques durante a Copa, o secretário diz acreditar que seja apenas "especulação". "Como você tem que raciocinar com o lado negativo, o que de pior pode acontecer, você imagina que durante os jogos os policiais também têm curiosidade de assistir, as pessoas estão mais relaxadas, as ruas estão mais vazias, as rotas de fuga mais fáceis."
Ao contrário do governador, Saulo não quis admitir que se trata de uma nova onda de ataques da facção criminosa. "Tenho convicção de que a questão era muito mais tentativa de desestabilizar o sistema."
Saulo disse ainda que existem em andamento 19 mil escutas da polícia para investigar o PCC. A polícia, disse, tem utilizado um novo equipamento, que identifica quando um celular de dentro da penitenciária faz uma ligação. Isso possibilita que o sinal seja cortado.


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