São Paulo, quarta-feira, 27 de junho de 2007

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"Eles têm de pagar", diz doméstica agredida

Cinco acusados de agredir Sirlei Pinto, 32, espancada na madrugada de sábado, tiveram prisão prorrogada pela Justiça

Em depoimento, um dos jovens afirmou que mais uma pessoa participou do crime; para delegado, caso já está esclarecido

Severino Silva/Agência O Dia
Os cinco acusados de espancar a empregada doméstica Sirlei, 32, são conduzidos algemados


SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Ao sair ontem da delegacia da Barra da Tijuca (zona oeste do Rio), onde reconheceu seus agressores, a empregada doméstica Sirlei Dias de Carvalho Pinto, 32, disse que até os perdoa, mas que não aceita a hipótese de vê-los soltos em breve e inocentados mais adiante.
"Acho que eles têm que ser presos sim, já que são adultos para bater numa mulher sozinha no meio da rua", disse, referindo-se à declaração de Ludovico Ramalho Bruno de que os cinco rapazes que a espancaram não deveriam estar presos porque são crianças. Ele é pai de Rubens Arruda Bruno, 19, preso anteontem.
Além de Rubens, Sirlei reconheceu na 16ª DP (Delegacia de Polícia) os acusados Felippe de Macedo Nery Neto, 20, Júlio Junqueira, 21, Rodrigo Bassalo, 21, e Leonardo de Andrade, 19. Foi taxativa ao apontar os quatro primeiros como agressores e Leonardo como o homem que teria rido e debochado dela durante o espancamento.
A pedido do delegado Carlos Augusto Nogueira Pinto, presidente do inquérito, a Justiça prorrogou a prisão dos cinco por mais dez dias.
Sirlei foi agredida por ao menos cinco rapazes por volta das 4h30 de sábado. Ela estava em um ponto de ônibus na avenida Lúcio Costa, na Barra. Os agressores, que estavam em um Gol, acabaram localizados pela polícia a partir da placa anotada por um taxista.
Ela chegou ontem à delegacia com o braço direito engessado e com um hematoma sob o olho. Segundo o advogado Marcus Fontenele, Sirlei sofreu fratura no braço e fissura em um osso da face.
O reconhecimento ontem foi pessoal e por fotografia. Os presos recusaram-se a participar de uma acareação com a vítima.
Sirlei disse ter chorado ao rever os acusados de agredi-la. "Foi como se tivesse revivido o que passei. Pensei que ia morrer. Na hora, me deram um chute muito forte. Pensei muito em meu filho [Gabriel, 3]."
Sobre a possibilidade de perdoar os rapazes, disse: "Eles têm que pagar pelo que fizeram? Têm. Mas até perdôo pelo fato de eu ser um ser humano. Não é que eles podem ser soltos. Eles têm que pagar. Por que eles não pensaram em ser crianças na hora de me agredir, de me bater, de me xingar?".
O delegado interrogou ontem o universitário Rodrigo Bassalo, que se entregou à polícia no final da noite de anteontem. No depoimento, ele disse que havia mais um rapaz com o grupo. O nome do sexto suspeito não foi revelado por Nogueira Pinto. O depoente disse que não participou das agressões.
Os acusados foram transferidos ontem para uma carceragem da Polinter (Polícia Interestadual). Para o delegado, o caso está esclarecido. Os rapazes poderão ser condenados a até 15 anos de prisão. Nogueira Pinto ainda disse que, após espancarem e roubarem Sirley, os jovens podem ter se envolvido em uma outra briga.


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