|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Poluição do ar piora em Moema e Pinheiros
Relatório da Cetesb (2005-2008) aponta ainda que situação é muito ruim no Ibirapuera, no entorno da USP e em Santana
Pelo relatório é possível dizer que a poluição no Estado se estabilizou em patamar insatisfatório; ozônio é o maior problema
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Relatório da Cetesb obtido
pela Folha aponta que a poluição do ar piorou em duas das
principais regiões residenciais
da cidade de São Paulo -Pinheiros e Moema- e continua
muito ruim no Ibirapuera, no
entorno da USP e em Santana.
Em Pinheiros, distrito da zona oeste, a concentração de
ozônio no ar passou do índice
"moderado" para "sério", somente um grau abaixo da pior
classificação, quando a poluição é chamada de "severa".
Lá, região onde moram cerca
de 110 mil pessoas, o principal
problema é o ozônio -poluente que provoca problemas respiratórios, mutações genéticas
e doenças como câncer.
Em Moema, onde fica o aeroporto de Congonhas (zona sul),
o problema maior é a presença
de fumaça no ar -basicamente
gerada pela emissão de motores a diesel-, que também causa problemas respiratórios.
A Cetesb, que dizia que o distrito estava "quase saturado",
classifica a situação agora como de "saturação moderada".
Moema é a única área da cidade
que recebe o termo "saturado"
para fumaça.
O pico registrado foi de 176
microgramas por m3 de ar, um
recorde no Estado nos últimos
três anos.
A explicação mais provável é
o aumento do trânsito de caminhões na marginal Pinheiros e
na avenida dos Bandeirantes,
trajetos para o porto de Santos.
"A fumaça é ligada às emissões
de motores a diesel, e temos
forte tráfego de caminhões [no
bairro]", afirma Carlos Ibsen
Lacava, assistente da diretoria
de engenharia, tecnologia e
qualidade ambiental da Cetesb.
Prevista para até 2010, a conclusão do trecho sul do Rodoanel, que deve reduzir o número
de caminhões na cidade, e o
aperfeiçoamento da operação
Fumaça Preta, que mede as
emissões por caminhões, devem ajudar, segundo Lacava, a
melhorar o ar de Moema nos
próximos anos.
Lacava afirma que, a partir
deste ano, a medição da fumaça
em caminhões será eletrônica,
e não visual. "Hoje, 7% dos veículos são reprovados. Com os
aparelhos, isso deve chegar a
até 40%", diz o assessor.
Outra medida, a implantação
da inspeção veicular obrigatória para carros registrados na
cidade de São Paulo, que começou neste ano, também terá
efeitos positivos, mas, de acordo com Lacava, ainda é cedo
para fazer projeções.
Patamar insatisfatório
O relatório da Cetesb é feito
com base na poluição média
aferida no Estado no triênio
2006-2008. Essas informações
são reunidas para orientar as
políticas de licenciamento ou
renovação da licença ambiental
de novos empreendimentos.
Quanto mais saturada está
uma região, maiores são as exigências governamentais de
contrapartidas para a instalação de atividades poluentes.
Pelo relatório é possível dizer
que a poluição no Estado se estabilizou, mas num patamar insatisfatório. O ozônio segue como o principal problema. Das
34 estações de monitoramento
da Cetesb, em 27 delas há saturação e cinco estão em vias de
saturação -só duas (Marília e
Presidente Prudente) não têm
registros de problemas.
Com base nas medições realizadas nessas 34 estações, a
Cetesb faz uma projeção de como está a poluição por ozônio
nas cidades a até 30 km do ponto de monitoramento.
Essas projeções revelam que
o poluente está presente em altos índices em praticamente
todo o Estado. Há 141 cidades,
entre as 225 da lista, em que ele
ultrapassa o nível de saturação.
USP
Um dos locais preferidos pelo paulistano para praticar esportes, a Cidade Universitária
da USP (zona oeste da cidade)
se manteve no topo do ranking
da poluição por ozônio em todo
o Estado.
Nessa região, foi batido o recorde desse poluente no período -361 microgramas por m3-,
com os bairros de Santana (310
microgramas), na zona norte, e
o parque Ibirapuera (293) vindo em seguida.
Texto Anterior: Tática de usuário é pegar trem no sentido contrário Próximo Texto: Empresa inglesa envia lote de lixo tóxico para o Brasil Índice
|