São Paulo, sábado, 27 de junho de 2009

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Poluição do ar piora em Moema e Pinheiros

Relatório da Cetesb (2005-2008) aponta ainda que situação é muito ruim no Ibirapuera, no entorno da USP e em Santana

Pelo relatório é possível dizer que a poluição no Estado se estabilizou em patamar insatisfatório; ozônio é o maior problema


JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Relatório da Cetesb obtido pela Folha aponta que a poluição do ar piorou em duas das principais regiões residenciais da cidade de São Paulo -Pinheiros e Moema- e continua muito ruim no Ibirapuera, no entorno da USP e em Santana.
Em Pinheiros, distrito da zona oeste, a concentração de ozônio no ar passou do índice "moderado" para "sério", somente um grau abaixo da pior classificação, quando a poluição é chamada de "severa".
Lá, região onde moram cerca de 110 mil pessoas, o principal problema é o ozônio -poluente que provoca problemas respiratórios, mutações genéticas e doenças como câncer.
Em Moema, onde fica o aeroporto de Congonhas (zona sul), o problema maior é a presença de fumaça no ar -basicamente gerada pela emissão de motores a diesel-, que também causa problemas respiratórios.
A Cetesb, que dizia que o distrito estava "quase saturado", classifica a situação agora como de "saturação moderada". Moema é a única área da cidade que recebe o termo "saturado" para fumaça.
O pico registrado foi de 176 microgramas por m3 de ar, um recorde no Estado nos últimos três anos.
A explicação mais provável é o aumento do trânsito de caminhões na marginal Pinheiros e na avenida dos Bandeirantes, trajetos para o porto de Santos. "A fumaça é ligada às emissões de motores a diesel, e temos forte tráfego de caminhões [no bairro]", afirma Carlos Ibsen Lacava, assistente da diretoria de engenharia, tecnologia e qualidade ambiental da Cetesb.
Prevista para até 2010, a conclusão do trecho sul do Rodoanel, que deve reduzir o número de caminhões na cidade, e o aperfeiçoamento da operação Fumaça Preta, que mede as emissões por caminhões, devem ajudar, segundo Lacava, a melhorar o ar de Moema nos próximos anos.
Lacava afirma que, a partir deste ano, a medição da fumaça em caminhões será eletrônica, e não visual. "Hoje, 7% dos veículos são reprovados. Com os aparelhos, isso deve chegar a até 40%", diz o assessor.
Outra medida, a implantação da inspeção veicular obrigatória para carros registrados na cidade de São Paulo, que começou neste ano, também terá efeitos positivos, mas, de acordo com Lacava, ainda é cedo para fazer projeções.

Patamar insatisfatório
O relatório da Cetesb é feito com base na poluição média aferida no Estado no triênio 2006-2008. Essas informações são reunidas para orientar as políticas de licenciamento ou renovação da licença ambiental de novos empreendimentos.
Quanto mais saturada está uma região, maiores são as exigências governamentais de contrapartidas para a instalação de atividades poluentes.
Pelo relatório é possível dizer que a poluição no Estado se estabilizou, mas num patamar insatisfatório. O ozônio segue como o principal problema. Das 34 estações de monitoramento da Cetesb, em 27 delas há saturação e cinco estão em vias de saturação -só duas (Marília e Presidente Prudente) não têm registros de problemas.
Com base nas medições realizadas nessas 34 estações, a Cetesb faz uma projeção de como está a poluição por ozônio nas cidades a até 30 km do ponto de monitoramento.
Essas projeções revelam que o poluente está presente em altos índices em praticamente todo o Estado. Há 141 cidades, entre as 225 da lista, em que ele ultrapassa o nível de saturação.

USP
Um dos locais preferidos pelo paulistano para praticar esportes, a Cidade Universitária da USP (zona oeste da cidade) se manteve no topo do ranking da poluição por ozônio em todo o Estado.
Nessa região, foi batido o recorde desse poluente no período -361 microgramas por m3-, com os bairros de Santana (310 microgramas), na zona norte, e o parque Ibirapuera (293) vindo em seguida.


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