São Paulo, segunda-feira, 27 de junho de 2011

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Garoa na parada

Mesmo com chuva persistente, multidão seguiu a 15ª Parada do Orgulho LGBT animada por trios elétricos; PM registrou poucos incidentes no percurso

Mastrangelo Reino/Folhapress
Multidão carrega bandeira de arco-íris na avenida Paulista

DE SÃO PAULO

Os 15 anos da Parada do Orgulho LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) de São Paulo foram festejados sob chuva e garoa persistentes, o que não acontecia desde 1997.
Mas a chuva não intimidou os participantes nem mesmo quando apertou.
Enquanto uns corriam para se proteger embaixo de marquises, muitos continuavam a dançar, indiferentes à água que botava à prova a chapinha (de alisar cabelos) e o babyliss (de enrolá-los).
"Minha chapinha aguenta firme. Essa chuva é pouco", dizia a travesti Juliana Vidal, 22, uma das que dançavam animadamente na chuva.
Com tema voltado à religião ("Amai-vos uns aos outros: basta de homofobia"), o evento teve um trio elétrico com católicos, evangélicos, anglicanos e umbandistas.
"A maioria dos religiosos que está aqui não é homossexual. Está propondo um hino pela paz", disse a coordenadora do Centro de Referência da Diversidade, Irina Bacci.
A utilização de imagens de modelos em alusão a figuras de santos católicos, no entanto, incomodou a igreja.
"O uso desrespeitoso da imagem dos santos populares é uma ofensa aos próprios santos e também aos sentimentos religiosos do povo", disse o arcebispo de São Paulo, Odilo Pedro Scherer.
Sobre a frase dos cartazes "Nem santo te protege [use camisinha]", o arcebispo rebateu: "Pois é verdade. O que pode salvar mesmo é uma vida sexual regrada e digna."

DEBUTANTE
Para Leandro Rodrigues, da organização, a quantidade de público, estimada em 4 milhões, foi até maior do que nos outros anos. A PM não fez estimativa de público.
Um grupo de cerca de 40 punks e skinheads, chamado Ação Antifacista, também participou da festa, que teve até valsa em comemoração aos 15 anos do evento.
No início do evento, eles chegaram a ser detidos pela polícia, mas foram liberados quando os policiais perceberam que a manifestação deles era a favor da diversidade.
"O objetivo é desmistificar a ideia de que todo skinhead é homofóbico. A parada tem de servir de plataforma para reivindicações e não só para mostrar o orgulho de ser gay", disse Danilo Henrique, 29, skinhead e homossexual.
No início da festa, um adolescente de 16 anos foi apreendido sob suspeita de participar de um arrastão com quatro jovens. Eles teriam furtado óculos.
Até as 18h, a PM disse ter registrado três casos de apreensão de entorpecentes. À noite, o governo informou que "várias ocorrências de perda e de furto de objetos" foram registradas. (CRISTINA MORENO DE CASTRO, CLAUDIA IZUMI, GIBA BERGAMIN JR., REYNALDO TUROLLO JR. e TALITA BEDINELLI)

FOLHA.com

Veja galeria de imagens da Parada Gay
folha.com/fg3400


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