São Paulo, sábado, 27 de julho de 2002

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SEGURANÇA

Inquérito apura denúncia de que detentos, que ajudavam investigação da PM, foram agredidos após fugirem durante operação

Procuradoria investiga tortura de presos

DA REPORTAGEM LOCAL

A Procuradoria Geral de Justiça de São Paulo determinou a abertura de inquérito policial para investigar denúncia de que presos que auxiliavam policiais militares em investigação do serviço reservado foram torturados após fugirem durante uma operação.
O caso aconteceu em 31 de março deste ano, dias depois que policiais do Gradi (Grupo de Repressão e Análise dos Delitos de Intolerância) retiraram dois presos do Centro de Observação Criminológica (COC), no Carandiru, zona norte de São Paulo.
No retorno ao presídio, horas depois da suposta tortura, os dois detentos, um de 27 e outro de 40 anos, estavam feridos. Os dois apresentavam hematomas na cabeça, rosto, tórax, braços e pernas. Um preso estava com o fêmur direito quebrado e teve de ser submetido a uma cirurgia. O outro estava com suspeita de fratura de costela, de acordo com o serviço médico da unidade.
O que se apura é a existência de crime de tortura, segundo o promotor Rodrigo Canellas Dias, coordenador do Centro de Apoio às Promotorias Criminais.
Seis promotores do Fórum Criminal da Barra Funda irão acompanhar o caso: Sergio Peixoto Camargo, Marcelo Mendroni, Gilberto Marcos Garcia, Alexandre Mourão Tieri, Artur Pinto Filho e Cícero José de Moraes.
A legalidade na retirada dos dois detentos -um condenado por homicídio e outro por roubo- para investigações da Polícia Militar também será apurada nesse procedimento.
Os presos teriam sido retirados da cadeia para ""diligências", como consta do pedido de saída encaminhado à Corregedoria dos Presídios. A PM estava atrás de integrantes de quadrilha que planejava roubar um hotel no Guarujá, litoral de São Paulo.
Durante a operação, no dia 30 de março, a dupla teria conseguido fugir do controle dos policiais, mas foi recapturada na manhã seguinte, depois de um cerco a uma casa na zona sul de São Paulo.
Um dos presos prestou depoimento no COC e acusou os policiais militares das agressões que sofrera. A partir da versão dele, a Corregedoria dos Presídios de São Paulo, órgão do Judiciário, abriu sindicância.
Os policiais afirmaram, ao entregar os detentos no presídio, que eles haviam tentado fugir e acabaram se acidentando, como consta do ofício enviado pela direção da prisão ao juiz-corregedor Octávio Augusto Machado de Barros Filho, relatando o caso.
Segundo o Gradi, um dos presos teria caído de uma janela, durante tentativa de fuga, e o outro de uma escadaria, no interior da casa onde estavam escondidos.
O Ministério Público pediu proteção especial aos dois presos, que não estão mais no Carandiru. Por esse motivo, a Folha não publica o nome deles.
Ontem, a Secretaria da Segurança Pública informou, por meio de sua assessoria, que não iria comentar o pedido de inquérito por não ter sido informado oficialmente da decisão.



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