São Paulo, quarta-feira, 27 de julho de 2005

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Polícia elimina pistas por não saber técnicas de escavação, diz estudo

DA REPORTAGEM LOCAL

Além de falhar em procedimentos básicos para manter a área de um crime isolada da presença de intrusos, a polícia brasileira ignora e ainda elimina, por falta de conhecimento de técnicas da arqueologia, várias pistas que poderiam ajudar a desvendá-lo.
Casos simbólicos são os que envolvem covas clandestinas -nos quais fragmentos até são recolhidos para passar por exames de DNA, mas a disposição dos ossos é desprezada pela investigação.
Ou seja, os policiais se preocupam em identificar de quem são os esqueletos, porém desconsideram as evidências que poderiam ajudar a esclarecer assassinatos, crimes seriais, suicídios e grupos de pessoas exterminadas.
A constatação é alvo do trabalho de dois arqueólogos da Universidade de São Paulo, que será apresentado em um encontro sul-americano sobre paleopatologia (estudo de doenças do passado), que começa hoje e vai até sexta-feira na Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro.
Sérgio Francisco Monteiro da Silva e Rogério Nogueira Oliveira dizem que a análise das ossadas pode ser capaz de indicar a forma como corpos foram enterrados.
Essas evidências hoje acabam eliminadas quando os fragmentos são recolhidos pela polícia ou durante a própria escavação -já que costumam ser utilizados instrumentos inadequados, que alteram a posição dos fragmentos.
"O policial chega para fazer a exumação, mas usa equipamentos como pás e enxadas", diz Silva.
Os dois especialistas da USP começaram a dar treinamento sobre métodos da arqueologia forense na Academia de Polícia de São Paulo neste ano. Duas classes de 50 alunos já passaram pelas aulas.


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