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TRAGÉDIA EM CONGONHAS/GOVERNO
"Aja ou saia. Faça ou vá embora", diz Jobim diante de antecessor
Waldir Pires, demitido da Defesa, preferiu ler seu discurso e disse que tinha um sentimento de "ameaça de frustração"
O novo ministro afirmou
que os assessores precisam saber mais do que o
assessorado, caso contrário só servem para bajulação
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Demitido da Defesa, o ex-ministro Waldir Pires ouviu ontem do sucessor, Nelson Jobim,
que "a história registra o que fazemos e o que deixamos de fazer". Em evento de transmissão
de cargo, Jobim ainda completou, diante de Pires: "Aja ou
saia. Faça ou vá embora".
Pires e Jobim falaram ontem
na Defesa. O petista, desgastado pelos dez meses de crise aérea e visivelmente abatido pela
demissão do dia anterior, preferiu ler seu discurso.
"Tenho, dentro de mim, um
sentimento que me sufoca, mas
que venço, de espinhosa dúvida, quase diria de ameaça de
frustração, pelo temor do sonho interrompido", disse.
O ex-ministro reafirmou que
não teve a "competência executiva" para resolver o caos nos
aeroportos. Disse, mirando o
olhar em Jobim: "Temos de
vencer essa crise. Haveremos
de vencê-la".
Jobim falou de improviso.
"Não é possível que tenhamos,
nas assessorias, pessoas que
saibam a mesma coisa que nós,
porque são inúteis. Precisam
saber mais do que nós. Assessor
que não conhece temas mais
que o assessorado não serve para assessoria. Serve, isto sim,
para bajulação. Serve, isto sim,
para proselitismo."
O peemedebista Jobim pediu
um minuto de silêncio em nome das vítimas da TAM e citou
o escritor e político Benjamin
Disraeli, primeiro-ministro
britânico no século 19: "Nunca
se queixe, nunca se explique,
nunca se desculpe". E prosseguiu, já de improviso: "Aja ou
saia. Faça ou vá embora".
Anac
Ontem, assim como fizera
um dia antes, Jobim sugeriu
mudanças no comando e nas
atribuições da Anac.
"A questão é saber se não
precisamos ter um modelo de
agência tipo Anatel [Agência
Nacional de Telecomunicações] para a aviação."
O atual modelo de agências
reguladoras dá estabilidade a
seus dirigentes (nomes aprovados no Congresso), o que, na
prática, impede o governo de,
por exemplo, sugerir a demissão de Milton Zuanazzi da presidência da Anac.
A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, evitou ontem comentar a situação de
Zuanazzi, indicado por ela e alvo de críticas.
Sobre as filas nos aeroportos,
cobrou "responsabilidade, solidariedade e integração" das
empresas e rotulou de "terrível" a situação dos passageiros,
mas não quis definir prazos para solucioná-la. Só afirmou que
não faltarão recursos à segurança do tráfego aéreo.
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