São Paulo, sexta-feira, 27 de julho de 2007

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TRAGÉDIA EM CONGONHAS/GOVERNO

"Aja ou saia. Faça ou vá embora", diz Jobim diante de antecessor

Waldir Pires, demitido da Defesa, preferiu ler seu discurso e disse que tinha um sentimento de "ameaça de frustração"

O novo ministro afirmou que os assessores precisam saber mais do que o assessorado, caso contrário só servem para bajulação

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Demitido da Defesa, o ex-ministro Waldir Pires ouviu ontem do sucessor, Nelson Jobim, que "a história registra o que fazemos e o que deixamos de fazer". Em evento de transmissão de cargo, Jobim ainda completou, diante de Pires: "Aja ou saia. Faça ou vá embora".
Pires e Jobim falaram ontem na Defesa. O petista, desgastado pelos dez meses de crise aérea e visivelmente abatido pela demissão do dia anterior, preferiu ler seu discurso.
"Tenho, dentro de mim, um sentimento que me sufoca, mas que venço, de espinhosa dúvida, quase diria de ameaça de frustração, pelo temor do sonho interrompido", disse.
O ex-ministro reafirmou que não teve a "competência executiva" para resolver o caos nos aeroportos. Disse, mirando o olhar em Jobim: "Temos de vencer essa crise. Haveremos de vencê-la".
Jobim falou de improviso. "Não é possível que tenhamos, nas assessorias, pessoas que saibam a mesma coisa que nós, porque são inúteis. Precisam saber mais do que nós. Assessor que não conhece temas mais que o assessorado não serve para assessoria. Serve, isto sim, para bajulação. Serve, isto sim, para proselitismo."
O peemedebista Jobim pediu um minuto de silêncio em nome das vítimas da TAM e citou o escritor e político Benjamin Disraeli, primeiro-ministro britânico no século 19: "Nunca se queixe, nunca se explique, nunca se desculpe". E prosseguiu, já de improviso: "Aja ou saia. Faça ou vá embora".

Anac
Ontem, assim como fizera um dia antes, Jobim sugeriu mudanças no comando e nas atribuições da Anac.
"A questão é saber se não precisamos ter um modelo de agência tipo Anatel [Agência Nacional de Telecomunicações] para a aviação."
O atual modelo de agências reguladoras dá estabilidade a seus dirigentes (nomes aprovados no Congresso), o que, na prática, impede o governo de, por exemplo, sugerir a demissão de Milton Zuanazzi da presidência da Anac.
A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, evitou ontem comentar a situação de Zuanazzi, indicado por ela e alvo de críticas.
Sobre as filas nos aeroportos, cobrou "responsabilidade, solidariedade e integração" das empresas e rotulou de "terrível" a situação dos passageiros, mas não quis definir prazos para solucioná-la. Só afirmou que não faltarão recursos à segurança do tráfego aéreo.


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