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Técnicos reclamam de falta de funcionários e de pressão por vistorias rápidas nos aviões
DA REPORTAGEM LOCAL
DA FOLHA RIBEIRÃO
Mecânicos que trabalham
com a manutenção de aeronaves das companhias aéreas reclamam principalmente do que
consideram quantidade insuficiente de equipes e da cobrança
para que as vistorias sejam feitas de maneira mais rápida.
O principal motivo é a necessidade de ter os aviões disponíveis na maior parte do tempo e
também para reduzir as despesas das empresas com a permanência deles nos aeroportos.
A Folha ouviu as reclamações nos últimos dias de profissionais que realizam esse trabalho tanto nas pistas (para
vistorias mais rápidas) em São
Paulo e Porto Alegre como na
oficina de manutenção (inspeções principais) da TAM em
São Carlos, a 231 km de SP.
"Ficamos próximos da falha.
Às vezes, dependendo da empresa, tem um só mecânico para cuidar de três aviões", diz
Elias Winkler, diretor do Sindicato Nacional dos Aeroviários.
Os 15 minutos para a inspeção de trânsito da aeronave da
TAM que se acidentou em
Congonhas são considerados
pela maioria como um tempo
mínimo para esse trabalho.
Essa vistoria antes da decolagem abrange itens como freios,
asas, abastecimento, além da
checagem de informações do
computador do avião.
Não há, segundo profissionais ouvidos pela Folha, um
padrão -porque tudo depende
dos problemas identificados.
Se for a primeira decolagem do
dia, ela é mais rigorosa.
Winkler diz que, em geral,
são necessários de 15 a 20 minutos na inspeção de pista. Noé
da Silva, diretor do sindicato
dos aeroviários de São Paulo,
afirma que leva "uns 40 minutos" no caso de um Boeing. Um
mecânico da TAM que já vistoriou o Airbus do acidente diz
considerar "ideal" meia hora.
Já a companhia aérea afirma,
pela assessoria de imprensa,
que a verificação pode durar
inclusive só cinco minutos.
Segundo dados divulgados
pela CPI do Apagão, a quantidade de funcionários de manutenção e revisão da TAM aumentou 13,8% de 2004 para
2005. A alta de passageiros no
período foi maior, de 39,5%, e a
média diária de horas de uso
das aeronaves subiu 26,5%.
A companhia informou ontem que 2.214 funcionários trabalham hoje em sua área técnica de manutenção, mas que
não tem levantamento de anos
anteriores para comparação.
Um engenheiro da TAM em
São Carlos afirma que os mecânicos têm de fazer uma "manutenção nervosa" nas aeronaves
que pernoitam nos aeroportos
-referência ao trabalho urgente e sob pressão nesses locais.
Ruy Amparo, vice-presidente-técnico da TAM, nega pressão sobre os mecânicos. "O
avião fica disponível em média
onze horas e é tempo suficiente
para fazer a manutenção que
ele precisa a cada 48 horas, a
cada trânsito. O plano de manutenção de um avião moderno prevê utilização alta pela robustez do projeto e pelo que ele
informa ao piloto."
(ALENCAR IZIDORO, ANDRÉ CARAMANTE, EVANDRO
SPINELLI, JUCIMARA DE PAUDA e KT)
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