São Paulo, sexta-feira, 27 de julho de 2007

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Técnicos reclamam de falta de funcionários e de pressão por vistorias rápidas nos aviões

DA REPORTAGEM LOCAL
DA FOLHA RIBEIRÃO

Mecânicos que trabalham com a manutenção de aeronaves das companhias aéreas reclamam principalmente do que consideram quantidade insuficiente de equipes e da cobrança para que as vistorias sejam feitas de maneira mais rápida.
O principal motivo é a necessidade de ter os aviões disponíveis na maior parte do tempo e também para reduzir as despesas das empresas com a permanência deles nos aeroportos.
A Folha ouviu as reclamações nos últimos dias de profissionais que realizam esse trabalho tanto nas pistas (para vistorias mais rápidas) em São Paulo e Porto Alegre como na oficina de manutenção (inspeções principais) da TAM em São Carlos, a 231 km de SP.
"Ficamos próximos da falha. Às vezes, dependendo da empresa, tem um só mecânico para cuidar de três aviões", diz Elias Winkler, diretor do Sindicato Nacional dos Aeroviários.
Os 15 minutos para a inspeção de trânsito da aeronave da TAM que se acidentou em Congonhas são considerados pela maioria como um tempo mínimo para esse trabalho.
Essa vistoria antes da decolagem abrange itens como freios, asas, abastecimento, além da checagem de informações do computador do avião.
Não há, segundo profissionais ouvidos pela Folha, um padrão -porque tudo depende dos problemas identificados. Se for a primeira decolagem do dia, ela é mais rigorosa.
Winkler diz que, em geral, são necessários de 15 a 20 minutos na inspeção de pista. Noé da Silva, diretor do sindicato dos aeroviários de São Paulo, afirma que leva "uns 40 minutos" no caso de um Boeing. Um mecânico da TAM que já vistoriou o Airbus do acidente diz considerar "ideal" meia hora.
Já a companhia aérea afirma, pela assessoria de imprensa, que a verificação pode durar inclusive só cinco minutos.
Segundo dados divulgados pela CPI do Apagão, a quantidade de funcionários de manutenção e revisão da TAM aumentou 13,8% de 2004 para 2005. A alta de passageiros no período foi maior, de 39,5%, e a média diária de horas de uso das aeronaves subiu 26,5%.
A companhia informou ontem que 2.214 funcionários trabalham hoje em sua área técnica de manutenção, mas que não tem levantamento de anos anteriores para comparação.
Um engenheiro da TAM em São Carlos afirma que os mecânicos têm de fazer uma "manutenção nervosa" nas aeronaves que pernoitam nos aeroportos -referência ao trabalho urgente e sob pressão nesses locais.
Ruy Amparo, vice-presidente-técnico da TAM, nega pressão sobre os mecânicos. "O avião fica disponível em média onze horas e é tempo suficiente para fazer a manutenção que ele precisa a cada 48 horas, a cada trânsito. O plano de manutenção de um avião moderno prevê utilização alta pela robustez do projeto e pelo que ele informa ao piloto." (ALENCAR IZIDORO, ANDRÉ CARAMANTE, EVANDRO SPINELLI, JUCIMARA DE PAUDA e KT)


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