São Paulo, domingo, 27 de julho de 2008

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NEIDE DOMICINA COIMBRA (1941-2008)

Cigana guerreira do samba da Império

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Se a ascendência cigana existia de fato, não se sabia. Mas Neide Coimbra carregava no peito um cordão de ouro com a inscrição "cigana" -afinal era assim, Cigana Guerreira, que todos conheciam a ex-presidente da Império Serrano, que da mesa cercada de imagens de ciganas, grandes e pequenas, dirigiu os rumos da escola.
Neide chegou à Império em 1974, para desfilar numa ala qualquer. Mas "mulher bonita, morena de cabelos negros, chamava a atenção", diz a amiga da escola. Desfilou como sereia no Carnaval de 1976 e por dez anos a fio foi destaque no alto dos carros alegóricos. Só os deixou por causa de uma promessa.
O marido estava doente, e ela se aferrou aos santos da Umbanda. "Mulher mística" e devota de São Jorge (o Ogum dos umbandistas), "prometeu que nunca mais sairia fantasiada se a saúde dele melhorasse." Melhorou, parece; e então não se viu mais a beleza de Neide, antes vestida com cores e penas.
Nos anos 80 assumiu funções administrativas e logo era braço direito do presidente. Em 1999, "quando a escola passava por dificuldades", assumiu a presidência. "Por cinco anos ficamos no grupo especial", diz a amiga. "Ela podia até não ser cigana, mas guerreira ela era."
Casada, tinha três filhos, quatro netos e o controle de todos -"tudo tinha que ser perfeito", diz o filho, hoje mestre-sala "porque ela quis". Morreu terça, aos 67, de insuficiência respiratória.
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