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GILBERTO DIMENSTEIN
Emprego da sogra
Empresa criou benefício que
dá ao funcionário a opção de
incluir, além dos pais, os
sogros no plano de saúde
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UMA NOVA MODALIDADE de benefício trabalhista está em
teste na cidade de São Paulo:
a inclusão no plano de saúde não
apenas dos pais do funcionário mas,
ainda por cima, dos seus sogros.
Essa versão inusitada de Bolsa-Família, que vai do filho à sogra,
é apenas um detalhe do pacote de
benefícios que inclui, entre outras
coisas, ajuda para as mães que
quiserem contratar uma babá e
bônus atrelado ao desempenho
individual e de grupo.
Foi com esse tipo de oferta que a
rede de varejo Magazine Luiza selecionou 2.000 entre 120 mil candidatos para trabalhar nas lojas que vai
abrir em São Paulo. Os selecionadores optaram por aqueles que demonstraram maior criatividade e
habilidade de comunicação.
A imensa maioria dos contratados
tem o diploma de ensino médio. É
pouco. Todos terão direito a bolsa de
estudo para cursar uma faculdade
ou para realizar cursos de aperfeiçoamento profissional.
As exigências daquela empresa
ajudam a entender a importância de
duas medidas anunciadas na semana passada para aumentar o repertório cultural dos brasileiros -afinal, sem repertório cultural, não se
produzem trabalhadores comunicativos, indispensáveis em economias
com foco nos serviços.
Um acordo entre o Ministério da
Educação e associações empresariais acertou, na terça-feira, que um
terço das verbas destinadas à cultura pelo Sistema S -Sesc e Sesi- seja
drenado para alunos de escolas públicas. Isso significa que deverão ser
doados ingressos de peças, filmes,
exposições ou concertos. Neste ano,
segundo o ministro Fernando Haddad, gestores da rede pública serão
treinados para aproveitar os recursos disponíveis pelo Sistema S, que,
pelo acordo, também deverá aumentar a oferta de cursos gratuitos.
O treinamento fará parte de um
programa já em andamento, batizado de Mais Educação, desenvolvido
em regiões metropolitanas, cuja meta é criar as mais diferentes redes
(saúde, lazer, geração de renda, assistência social) em torno das escolas, como se fossem extensões da sala de aula -e, assim, aumentar o horário escolar.
Essa é a linha da segunda medida
anunciada na semana passada, desta
vez em São Paulo. Escolas estaduais
terão recursos para que se aproximem mais dos museus, dos teatros,
das exposições e dos concertos.
Levar até o museu é fácil, basta um
motorista de ônibus. A questão
é saber se o professor vai conseguir
fazer uma experiência que ajude
a ensinar.
Derrubar os muros da escola e
transformar uma cidade num espaço de aprendizado é um desafio
experimentado, com muita dificuldade, em várias partes das nações
mais ricas. Mas, quando se ultrapassam essas barreiras, os resultados
são extraordinários. Um bom
exemplo é o Museu da Língua
Portuguesa.
Já é difícil fazer as crianças gostarem de museu e, mais difícil ainda, é
fazer com que gostem do português.
Nenhum museu do país recebe em
média, por dia, 1.500 visitantes. "Para muita gente, especialmente para
os jovens, a imagem de um museu
está associada a coisa velha e chata.
O que tentamos fazer é que pareça
algo vivo, dinâmico, interativo",
conta Marcelo Dantas, um dos idealizadores daquele museu.
Esse conceito torna-se palpável
nas imensas filas que se formam,
agora, para ver a exposição sobre
Machado de Assis -um escritor na
maioria das vezes torturado nas salas de aula. Torturado pelos alunos e
pelos professores.
Quero dizer o seguinte: as pessoas
estão mais preparadas para os
desafios do mercado de trabalho,
como as demandas da rede Magazine Luiza, quando têm, desde cedo,
contato com a cultura -e, especialmente, se aprendem como se estivessem num museu como o da
Língua Portuguesa.
E não como se fossem personagens do sombrio texto de Machado,
intitulado "Conto de Escola". Na conhecida ironia machadiana, conto
não é apenas um gênero literário.
PS - Bem diferente do espírito do
"Conto de Escola" (coloquei o texto
no www.dimenstein.com.br) é
uma surpresa da qual Marcelo
Dantas faz parte. Ele integra a
equipe da Fundação Catavento, cuja inauguração está prevista para
outubro em São Paulo. O projeto é
usar as mais diversas tecnologias
para encantar com lições de química, física, matemática, biologia, história ou geografia.
Um dos projetos de Dantas é
uma parede íngreme que simula
uma montanha. Depois da escalada, o "alpinista" entra numa câmara escura, onde vai conversar com
personagens como Albert Einstein,
Winston Churchill ou Santos Dumont -os recursos digitais permitirão que se pergunte a eles sobre,
por exemplo, a invenção do avião, a
briga dos ingleses com os nazistas
ou a inspiração que levou à teoria
da relatividade. Na semana passada, ele pensava se iria incluir na galeria Machado de Assis, que, assim,
poderia, quem sabe, esclarecer diretamente a todos sobre sua arte
das ironias.
gdimen@uol.com.br
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