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Cadeirantes vítimas de acidentes integram blitze da lei seca no Rio
De acordo com o governo, operação ajudou a poupar vida de 1.768 pessoas
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
De longe, um imenso balão
branco com a inscrição "Operação Lei Seca" faz os motoristas
ficarem tensos. Estão próximos
de uma das várias blitze que
acontecem no Rio desde março. As vítimas de acidentes diminuíram ao menos 24% desde
o início da operação. Segundo o
subsecretário de Governo, Carlos Alberto Lopes, "1.768 pessoas deixaram de ser vitimadas,
mutiladas ou mortas".
De perto, não são só policiais
que farão a abordagem, mas
uma equipe de 20 profissionais
de 10 órgãos como Polícia Militar, Detran, Guarda Municipal,
e que inclui vítimas de acidentes de transito. Os 30 cadeirantes que participam da ação foram vítimas de acidentes provocados por bebida contam
suas histórias e distribuem
panfletos para os motoristas
parados nas blitze.
"Um caminhoneiro passou
pela contramão. Pegou na lateral dele, que fugiu e bebia desde
cedo. Parecia um filme. Acordei
com os bombeiros me tirando
das ferragens. Perdi as pernas",
conta o ex-caminhoneiro Ronan Fonseca, 26, que como todos é da Associação de Deficientes Físicos de Niterói.
Leonardo Tavares -paraplégico desde que um amigo capotou com o carro, após beber-,
vê os motoristas mais sensibilizados hoje que há quatro meses. "Já não reclamam tanto".
As operações começam às
23h, em diferentes pontos. Às
sextas-feiras, são seis blitzes,
na capital e região metropolitana. A grande estrutura parece
desencorajar "jeitinhos".
"Vocês fazem o maior evento, põem balão, só falta soltar
fogos", ri a estudante de Ciências Sociais Lívia Franco. "É para chamar a atenção mesmo. O
motorista que bebeu e passou,
vai lembrar na próxima vez",
explica Wellington Santos,
coordenador de operação.
Quando se trata de exame de
etilômetro, multas a partir de
R$ 957, prisões e apreensão de
carros e carteiras de motorista,
as reações vão de risadas a escândalos e xingamentos.
"Vocês são uns merdas!", gritava moça assumidamente embriagada, em São Conrado. "É
preciso ter paciência, abusam",
diz um PM. Ela não dirigia, mas
teve documento do carro
apreendido porque a amiga,
que assumira a direção, não
quis soprar o bafômetro. Fugiu
com o carro, arrastando cones.
Um médico andava de um lado para o outro, aos berros por
ficar sem a carteira. "Nessa hora todo mundo precisa levar o
filho ao hospital", contestou o
coordenador do posto. Segundo ele, o ator Eri Johnson "saiu
batendo a porta" e a apresentadora Ana Maria Braga "soprou,
na maior simpatia".
Em junho, com um ano de lei
seca, caíram em 54% as mortes
no trânsito, segundo o Ministério da Saúde.
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