São Paulo, segunda-feira, 27 de julho de 2009

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Cadeirantes vítimas de acidentes integram blitze da lei seca no Rio

De acordo com o governo, operação ajudou a poupar vida de 1.768 pessoas

RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO

De longe, um imenso balão branco com a inscrição "Operação Lei Seca" faz os motoristas ficarem tensos. Estão próximos de uma das várias blitze que acontecem no Rio desde março. As vítimas de acidentes diminuíram ao menos 24% desde o início da operação. Segundo o subsecretário de Governo, Carlos Alberto Lopes, "1.768 pessoas deixaram de ser vitimadas, mutiladas ou mortas".
De perto, não são só policiais que farão a abordagem, mas uma equipe de 20 profissionais de 10 órgãos como Polícia Militar, Detran, Guarda Municipal, e que inclui vítimas de acidentes de transito. Os 30 cadeirantes que participam da ação foram vítimas de acidentes provocados por bebida contam suas histórias e distribuem panfletos para os motoristas parados nas blitze.
"Um caminhoneiro passou pela contramão. Pegou na lateral dele, que fugiu e bebia desde cedo. Parecia um filme. Acordei com os bombeiros me tirando das ferragens. Perdi as pernas", conta o ex-caminhoneiro Ronan Fonseca, 26, que como todos é da Associação de Deficientes Físicos de Niterói.
Leonardo Tavares -paraplégico desde que um amigo capotou com o carro, após beber-, vê os motoristas mais sensibilizados hoje que há quatro meses. "Já não reclamam tanto".
As operações começam às 23h, em diferentes pontos. Às sextas-feiras, são seis blitzes, na capital e região metropolitana. A grande estrutura parece desencorajar "jeitinhos".
"Vocês fazem o maior evento, põem balão, só falta soltar fogos", ri a estudante de Ciências Sociais Lívia Franco. "É para chamar a atenção mesmo. O motorista que bebeu e passou, vai lembrar na próxima vez", explica Wellington Santos, coordenador de operação.
Quando se trata de exame de etilômetro, multas a partir de R$ 957, prisões e apreensão de carros e carteiras de motorista, as reações vão de risadas a escândalos e xingamentos.
"Vocês são uns merdas!", gritava moça assumidamente embriagada, em São Conrado. "É preciso ter paciência, abusam", diz um PM. Ela não dirigia, mas teve documento do carro apreendido porque a amiga, que assumira a direção, não quis soprar o bafômetro. Fugiu com o carro, arrastando cones.
Um médico andava de um lado para o outro, aos berros por ficar sem a carteira. "Nessa hora todo mundo precisa levar o filho ao hospital", contestou o coordenador do posto. Segundo ele, o ator Eri Johnson "saiu batendo a porta" e a apresentadora Ana Maria Braga "soprou, na maior simpatia".
Em junho, com um ano de lei seca, caíram em 54% as mortes no trânsito, segundo o Ministério da Saúde.


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