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São Paulo, quarta-feira, 27 de agosto de 2003

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SAÚDE

No primeiro dia de intervenção, técnicos encontram mais de 40 processos de compra de remédios parados por erros administrativos

Falhas em compras causaram crise no Inca

ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

No primeiro dia após o Ministério da Saúde intervir no Inca (Instituto Nacional do Câncer), técnicos do governo descobriram mais de 40 processos para a compra de remédios e materiais acumulados por falhas administrativas.
A falta desses itens levou o instituto a uma crise que culminou anteontem com o pedido de demissão do diretor-geral, Jamil Haddad, no cargo desde março.
Segundo a assessoria do Inca, o acúmulo começou em março. O ministério informou que transferiu sua assessoria jurídica para o Rio, onde fica o instituto, para agilizar os processos atrasados.
Apesar da queda de Haddad e da exoneração de toda a diretoria a mando do ministério, o grupo de diretores que expôs a crise no Inca ao pedir demissão, na sexta, diz estar insatisfeito com a equipe interina no setor administrativo.
O principal alvo era a diretora-executiva de Administração, Zélia Abdulmacih, acusada de ser responsável pelo desabastecimento por suposta incompetência administrativa. Em seu lugar está, interinamente, Eduardo Rodrigues, que era da equipe da ex-diretora.
"O Eduardo trabalhava havia dois anos no setor de informática. Foi levado para a administração pela Zélia. A gente se movimentou para mostrar que essa turma não tem condição de cuidar da administração do Inca e, no dia seguinte, o Walter Roriz [diretor-geral interino] nomeia alguém da equipe dela. Foi como trocar seis por meia dúzia", disse Luiz Augusto Maltoni Júnior, que era diretor-executivo de Assistência.
Roriz não quis falar com a imprensa ontem. O Ministério da Saúde não se pronunciou sobre a permanência de Rodrigues.
Segundo o Inca, até ontem foram feitas 939 cirurgias em agosto, bem abaixo das 1.418 de julho.
À noite, o ministério divulgou a chegada de material comprado -em acordo com fornecedores, a entrega foi antecipada (R$ 360,2 mil em medicamentos e R$ 236,5 mil em material hospitalar). Segundo a nota, o processo de compra emergencial começa amanhã.
Ontem, o ministro Humberto Costa disse que define até o fim da semana quem irá substituir Jamil Haddad. Ele negou que tenha havido ou que venha a ocorrer indicação política para a diretoria do Inca. "Nunca trabalhamos com indicação política. Ainda que possa haver pessoas que façam parte de partidos políticos, o critério sempre é o da competência, lisura e honestidade. Quem quer que vá para o Inca terá de obedecer a esses critérios. De preferência que seja alguém de lá", afirmou Costa.
Segundo ele, o ministério não interferiu nas indicações de Haddad. Dos sete diretores nomeados por Haddad, seis eram dos quadros do Inca, segundo o ministro.
"Fizemos uma substituição necessária porque já tínhamos entendido que era preciso mudar a área administrativa e financeira [do Inca]. O dr. Jamil entendeu que isso o enfraquecia politicamente e preferiu sair", disse.
Costa admitiu que houve problemas na área administrativo-financeira e "outros fatores" que ele disse estar analisando e que divulgará "na hora adequada".


Colaborou a Sucursal de Brasília


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