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SAÚDE
No primeiro dia de intervenção, técnicos encontram mais de 40 processos de compra de remédios parados por erros administrativos
Falhas em compras causaram crise no Inca
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
No primeiro dia após o Ministério da Saúde intervir no Inca (Instituto Nacional do Câncer), técnicos do governo descobriram mais
de 40 processos para a compra de
remédios e materiais acumulados
por falhas administrativas.
A falta desses itens levou o instituto a uma crise que culminou anteontem com o pedido de demissão do diretor-geral, Jamil Haddad, no cargo desde março.
Segundo a assessoria do Inca, o
acúmulo começou em março. O
ministério informou que transferiu sua assessoria jurídica para o
Rio, onde fica o instituto, para
agilizar os processos atrasados.
Apesar da queda de Haddad e
da exoneração de toda a diretoria
a mando do ministério, o grupo
de diretores que expôs a crise no
Inca ao pedir demissão, na sexta,
diz estar insatisfeito com a equipe
interina no setor administrativo.
O principal alvo era a diretora-executiva de Administração, Zélia
Abdulmacih, acusada de ser responsável pelo desabastecimento
por suposta incompetência administrativa. Em seu lugar está, interinamente, Eduardo Rodrigues,
que era da equipe da ex-diretora.
"O Eduardo trabalhava havia
dois anos no setor de informática.
Foi levado para a administração
pela Zélia. A gente se movimentou para mostrar que essa turma
não tem condição de cuidar da
administração do Inca e, no dia
seguinte, o Walter Roriz [diretor-geral interino] nomeia alguém da
equipe dela. Foi como trocar seis
por meia dúzia", disse Luiz Augusto Maltoni Júnior, que era diretor-executivo de Assistência.
Roriz não quis falar com a imprensa ontem. O Ministério da
Saúde não se pronunciou sobre a
permanência de Rodrigues.
Segundo o Inca, até ontem foram feitas 939 cirurgias em agosto, bem abaixo das 1.418 de julho.
À noite, o ministério divulgou a
chegada de material comprado
-em acordo com fornecedores, a
entrega foi antecipada (R$ 360,2
mil em medicamentos e R$ 236,5
mil em material hospitalar). Segundo a nota, o processo de compra emergencial começa amanhã.
Ontem, o ministro Humberto
Costa disse que define até o fim da
semana quem irá substituir Jamil
Haddad. Ele negou que tenha havido ou que venha a ocorrer indicação política para a diretoria do
Inca. "Nunca trabalhamos com
indicação política. Ainda que possa haver pessoas que façam parte
de partidos políticos, o critério
sempre é o da competência, lisura
e honestidade. Quem quer que vá
para o Inca terá de obedecer a esses critérios. De preferência que
seja alguém de lá", afirmou Costa.
Segundo ele, o ministério não
interferiu nas indicações de Haddad. Dos sete diretores nomeados
por Haddad, seis eram dos quadros do Inca, segundo o ministro.
"Fizemos uma substituição necessária porque já tínhamos entendido que era preciso mudar a
área administrativa e financeira
[do Inca]. O dr. Jamil entendeu
que isso o enfraquecia politicamente e preferiu sair", disse.
Costa admitiu que houve problemas na área administrativo-financeira e "outros fatores" que
ele disse estar analisando e que divulgará "na hora adequada".
Colaborou a Sucursal de Brasília
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