São Paulo, sexta-feira, 27 de agosto de 2004

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PREGAÇÃO SUSPEITA

Religioso, que interveio no motim de prisão em maio, teria bens incompatíveis com atividade em igreja

Polícia investiga suposta ligação de pastor com tráfico

DA SUCURSAL DO RIO

O presidente da Igreja Assembléia de Deus dos Últimos Dias, pastor evangélico Marcos Pereira da Silva, é investigado pela Draco (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais da Polícia Civil do Rio) por suposta lavagem de dinheiro do tráfico de drogas.
Segundo policiais da Draco, o pastor teria uma reserva de minas de esmeralda na Bahia e outros bens não-revelados. O patrimônio seria incompatível com o que arrecada em sua igreja. Para os investigadores, isso pode ser indício de envolvimento com o tráfico.
Silva foi o pastor chamado pelo secretário de Segurança Pública, Anthony Garotinho, para negociar com detentos rebelados da Casa de Custódia de Benfica (zona norte do Rio), no final de maio. A suspeita dos policiais da Draco é reforçada pelo fato de o traficante Alberico de Azevedo Medeiros, o Derico, apontado como o chefe do tráfico no complexo de favelas de Acari (zona norte), ter sido visto várias vezes no culto do pastor na comunidade. Derico foi preso há duas semanas em Maringá (PR), em um apartamento pertencente a um pastor da igreja.
Os policiais investigam a ligação de Silva com a suposta ONG Infante, em Acari (zona norte). Segundo investigações, contas de telefones e recibos de viagens supostamente de traficantes estariam em nome da entidade.
Anteontem, policiais da DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes) fizeram uma vistoria em uma fazenda de propriedade de Silva em Nova Iguaçu (Baixada Fluminense). No local, foram encontrados três cavalos que pertenceriam a Derico, além de três homens foragidos da Justiça.
Segundo o titular da DRE, delegado Anderson D'Azevedo, a ação fez parte de um inquérito que apura negócios de Derico. No mesmo local, os policiais apreenderam vídeos de cultos do pastor em favelas e presídios.
O material está sendo apreciado por policiais que pretendem descobrir se criminosos participaram dos cultos, entre eles Róbson André da Silva, o Robinho Pinga, chefe da facção criminosa TCP (Terceiro Comando Puro), e outro conhecido como Negro Tula. Robinho Pinga teria sido convertido por Silva.


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