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Oscar Freire encerra época de liquidações com festa de rua e mimos para VIPs
ROBERTO DE OLIVEIRA
DA REVISTA DA FOLHA
Reduto do luxo nacional, a
Oscar Freire, nos Jardins, se
transformou numa espécie
de arraial chique ontem à noite. O trecho entre a Bela Cintra e a Haddock Lobo foi coberto por 800 m de um tapete
verde, tipo grama artificial,
que se estendia pela calçada
das duas ruas paralelas.
No lugar das tradicionais
bandeirinhas de festa junina,
móbiles no formato de cometa. Laser, canhões de luz, bexigas douradas e prateadas,
gelo-seco, palhaços, caricaturistas e mímicos animavam o
público (sem convite) na rua,
ao som de música francesa.
Alcunhada de Promenade,
a festa é uma realização da
Chandon, do grupo LVMH
(Moët Hennessy - Louis Vuitton) em parceria com 26 grifes e 22 restaurantes. O evento custou R$ 2 milhões.
Enquanto ruas e calçadas
ganhavam ares de quermesse
grã-fina, dentro das lojas bacanudas, a festa era outra: um
brinde ao consumo AAA, em
comemorações fechadas a
clientes e convidados VIPs.
Cerca de 10 mil convites foram endereçados aos principais compradores de marcas
como Louis Vuitton, Tiffany,
Emporio Armani e Cartier.
Ovas de salmão, suflê de cogumelo, chocolate com morango e muito espumante, fabricado em Garibaldi (RS),
mas que todo mundo fazia
questão de chamar de champanhe, circulavam em bandejas de prata. Para ser preciso,
4.000 garrafas de 750 ml, segundo a Chandon.
As lojas aproveitaram a festança para expor nas vitrines
as novas coleções. De olho
nos clientes em potencial, tome marketing. A Tiffany sorteou um pingente de ouro no
formato de um balde de gelo,
com brilhante e platina, exclusivo, trazido especialmente de Nova York para o evento. Preço do mimo: US$ 1.900.
Mesmo excluída do rega-bofe das grifes, a comerciante
Daniela Lemos, 30, estava encantada. "Um evento como
esse tem que ser elitista. Se
não, vira tumulto", disse.
Empresário, designer de
jóias e cantor, José Carlos
Guerreiro, aprovou a iniciativa. "Onde se anda com segurança em São Paulo? Paulistano não tem o que fazer, não
tem calçadão como o Rio."
Sentada num banquinho da
Oscar Freire, a enfermeira
particular Maria Ferreira, 49,
só observava os transeuntes.
"No meio dessa gente toda,
não dá para ficar à vontade.
Cansei. Cansei de tanta artificialidade e esnobismo."
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