São Paulo, segunda-feira, 27 de agosto de 2007

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Oscar Freire encerra época de liquidações com festa de rua e mimos para VIPs

ROBERTO DE OLIVEIRA
DA REVISTA DA FOLHA

Reduto do luxo nacional, a Oscar Freire, nos Jardins, se transformou numa espécie de arraial chique ontem à noite. O trecho entre a Bela Cintra e a Haddock Lobo foi coberto por 800 m de um tapete verde, tipo grama artificial, que se estendia pela calçada das duas ruas paralelas.
No lugar das tradicionais bandeirinhas de festa junina, móbiles no formato de cometa. Laser, canhões de luz, bexigas douradas e prateadas, gelo-seco, palhaços, caricaturistas e mímicos animavam o público (sem convite) na rua, ao som de música francesa.
Alcunhada de Promenade, a festa é uma realização da Chandon, do grupo LVMH (Moët Hennessy - Louis Vuitton) em parceria com 26 grifes e 22 restaurantes. O evento custou R$ 2 milhões.
Enquanto ruas e calçadas ganhavam ares de quermesse grã-fina, dentro das lojas bacanudas, a festa era outra: um brinde ao consumo AAA, em comemorações fechadas a clientes e convidados VIPs.
Cerca de 10 mil convites foram endereçados aos principais compradores de marcas como Louis Vuitton, Tiffany, Emporio Armani e Cartier.
Ovas de salmão, suflê de cogumelo, chocolate com morango e muito espumante, fabricado em Garibaldi (RS), mas que todo mundo fazia questão de chamar de champanhe, circulavam em bandejas de prata. Para ser preciso, 4.000 garrafas de 750 ml, segundo a Chandon.
As lojas aproveitaram a festança para expor nas vitrines as novas coleções. De olho nos clientes em potencial, tome marketing. A Tiffany sorteou um pingente de ouro no formato de um balde de gelo, com brilhante e platina, exclusivo, trazido especialmente de Nova York para o evento. Preço do mimo: US$ 1.900.
Mesmo excluída do rega-bofe das grifes, a comerciante Daniela Lemos, 30, estava encantada. "Um evento como esse tem que ser elitista. Se não, vira tumulto", disse.
Empresário, designer de jóias e cantor, José Carlos Guerreiro, aprovou a iniciativa. "Onde se anda com segurança em São Paulo? Paulistano não tem o que fazer, não tem calçadão como o Rio."
Sentada num banquinho da Oscar Freire, a enfermeira particular Maria Ferreira, 49, só observava os transeuntes. "No meio dessa gente toda, não dá para ficar à vontade. Cansei. Cansei de tanta artificialidade e esnobismo."


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