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Moradores queimam ônibus e enfrentam a polícia na zona norte
Manifestação começou depois da morte de um rapaz que, de acordo com a PM, reagiu a uma abordagem policial
A polícia cercou a região, interditou ruas por 3 horas
e atirou bombas de gás
e balas de borracha em grupos que jogavam pedras
Joel Silva/ Folha Imagem
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PMs da Tropa de Choque se preparam para entrar na favela Jardim Filhos da Terra, na zona norte
CONRADO CORSALETTE
LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL
A morte de um rapaz que, segundo a versão oficial, reagiu a
tiros contra uma abordagem
policial desencadeou uma série
de protestos no Jardim Filhos
da Terra, região na divisa entre
Jaçanã e Tremembé, na zona
norte de São Paulo.
Dois ônibus foram queimados pelos manifestantes. A polícia cercou a região, interditou
ruas por cerca de três horas e
atirou bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha em
grupos que atiravam pedras.
Moradores entraram em pânico. Mães corriam pelas ruas
segurando os filhos pela mão.
Na região, fica o CEU Jaçanã,
onde 200 estudantes ficaram
ilhados durante o conflito.
De acordo com comandantes
da operação, os confrontos de
ontem não deixaram feridos.
A Polícia Militar disse que,
por volta das 17h30, um de seus
carros tentou abordar dois rapazes. Um deles teria sacado
uma arma e atirado. Ainda segundo a versão oficial, os policiais revidaram e balearam o
suspeito, que morreu no hospital. O outro suspeito fugiu. A
PM diz que eram traficantes.
O nome do rapaz morto não
foi divulgado. Segundo moradores, ele era conhecido como
Cheirinho e não tinha envolvimento com o tráfico. "Ele jogava bola direto com a gente no
campinho", afirmou um colega.
Quase uma hora depois, um
grupo de homens encapuzados
cercou um ônibus que passava
pela rua Maria Amália Lopes
Azevedo, obrigou os passageiros a descer e incendiou o veículo. Minutos mais tarde, a algumas quadras dali, outro ônibus foi queimado.
"Um pessoal encapuzado
chegou, mandou todo mundo
descer e jogou umas bombas
dentro do ônibus. O carro do
meu marido até queimou um
pouco. Corri para jogar água",
disse uma mulher que mora
próximo ao local onde o segundo veículo foi incendiado. Ela
pediu para não ser identificada.
Com a chegada da polícia,
ruas foram fechadas. Integrantes do GOE (Grupo de Operações Especiais) disseram ter sido recebidos a tiros no local.
Os grupos de manifestantes
circulavam pelas ruas do bairro
atirando pedras contra os policiais, que revidavam com as
bombas de gás lacrimogêneo.
Boa parte do efetivo da zona
norte, inclusive a Tropa de
Choque, foi enviada para o local. A PM não soube informar o
efetivo total mobilizado.
Moradores reclamaram da
polícia. "Jogaram uma bomba
na minha casa. Minha filha de
um ano quase morreu", afirmou Estela Maria da Silva, 29.
Após a diminuição dos confrontos, às 21h30, a polícia liberou as ruas para que os moradores que chegavam do trabalho pudessem ir para casa.
Em pequenos grupos, os moradores corriam assustados.
"Até parece que a gente mora
no inferno", disse uma mulher.
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