São Paulo, sexta-feira, 27 de agosto de 2010

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SP tem sequência inédita de dias com baixa umidade

Este é o 2º mês de agosto mais seco desde 1945 e o mais poluído desde 2000, de acordo com a série histórica

Cetesb, com base em plano dos anos 70, pede que população reduza, de forma voluntária, o uso do automóvel

EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO

Poluição severa somada ao ar excessivamente seco é igual a um desconforto climático inédito. Respirar na capital paulista nesta semana pode ter sido mais difícil do que viver no Saara.
No deserto, apesar do calor e da baixa umidade do ar, existe pouca poluição.
As séries históricas de dados dão razão à reclamação dos moradores de São Paulo.
São sete dias seguidos de poluição acima do ideal em alguns pontos, o que não ocorria, pelo menos, desde 2000, mostram os dados copilados pela Cetesb (agência ambiental estadual).
São cinco dias com umidade relativa do ar abaixo dos 30%, sequência inédita desde pelo menos 1945, quando começaram os registros feitos no mirante de Santana, na zona norte da capital.
"O ozônio [poluente mais problemático em São Paulo na última década] e a baixa umidade têm um efeito sinérgico. Juntos, os dois apresentam um efeito mais intenso", afirma Paulo Saldiva, médico e especialista nos efeitos da poluição do ar na saúde.

ALERTA VERMELHO
Nesta semana, três regiões da cidade tiveram a qualidade do ar classificada como "má" pela Cetesb.
Como as medições são feitas de hora em hora, não significa que o ar esteja irrespirável o dia inteiro. O ozônio costuma ficar mais alto no período entre as 14h e as 17h.
O alerta vermelho apareceu nas regiões da Mooca, no final de semana, no Ibirapuera e na USP, anteontem.
Nessa situação, diz a Cetesb, toda a população pode apresentar tosse seca, cansaço, ardor nos olhos, nariz e garganta, além de falta de ar.
O mês de agosto, indica a série registrada pelo Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), é o segundo mais seco dos últimos 65 anos. Choveu até agora só 0,6 mm (o equivalente a 600 ml em um metro quadrado).
Em 2007, nos 31 dias do mês, a estação no mirante de Santana não registrou chuva. Aquele foi o mês mais seco dos últimos 65 anos, mostram os registros do Inmet.
A vantagem, há três anos, era a poluição mais branda. O ozônio passou do limite considerado ideal apenas em um único dia daquele mês.
"Não dá para dizer ainda que existe uma tendência de invernos mais secos", afirma Patrícia Vieira, meteorologista da empresa Somar.
"A grande diferença agora é a sequência de dias seguidos com umidade abaixo dos 30%", diz a especialista.
De acordo com Vieira, em 2007 o nível de alerta não foi atingido, ao contrário deste ano, em que isso ocorreu duas vezes.
Ontem, por meio de nota, a Cetesb afirmou que "a situação atual, comum nesta época do ano, está sob controle".
Entretanto, com base no plano de emergência ambiental, que é dos anos 1970, o órgão solicitou que a população reduza, de forma voluntária, o uso do automóvel.


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