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SP tem sequência inédita de dias com baixa umidade
Este é o 2º mês de agosto mais seco desde 1945 e o mais poluído desde 2000, de acordo com a série histórica
Cetesb, com base em plano dos anos 70, pede que população reduza, de forma voluntária,
o uso do automóvel
EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO
Poluição severa somada
ao ar excessivamente seco é
igual a um desconforto climático inédito. Respirar na
capital paulista nesta semana pode ter sido mais difícil
do que viver no Saara.
No deserto, apesar do calor e da baixa umidade do ar,
existe pouca poluição.
As séries históricas de dados dão razão à reclamação
dos moradores de São Paulo.
São sete dias seguidos de
poluição acima do ideal em
alguns pontos, o que não
ocorria, pelo menos, desde
2000, mostram os dados copilados pela Cetesb (agência
ambiental estadual).
São cinco dias com umidade relativa do ar abaixo dos
30%, sequência inédita desde pelo menos 1945, quando
começaram os registros feitos no mirante de Santana,
na zona norte da capital.
"O ozônio [poluente mais
problemático em São Paulo
na última década] e a baixa
umidade têm um efeito sinérgico. Juntos, os dois apresentam um efeito mais intenso",
afirma Paulo Saldiva, médico e especialista nos efeitos
da poluição do ar na saúde.
ALERTA VERMELHO
Nesta semana, três regiões
da cidade tiveram a qualidade do ar classificada como
"má" pela Cetesb.
Como as medições são feitas de hora em hora, não significa que o ar esteja irrespirável o dia inteiro. O ozônio
costuma ficar mais alto no
período entre as 14h e as 17h.
O alerta vermelho apareceu nas regiões da Mooca, no
final de semana, no Ibirapuera e na USP, anteontem.
Nessa situação, diz a Cetesb, toda a população pode
apresentar tosse seca, cansaço, ardor nos olhos, nariz e
garganta, além de falta de ar.
O mês de agosto, indica a
série registrada pelo Inmet
(Instituto Nacional de Meteorologia), é o segundo mais seco dos últimos 65 anos. Choveu até agora só 0,6 mm (o
equivalente a 600 ml em um
metro quadrado).
Em 2007, nos 31 dias do
mês, a estação no mirante de
Santana não registrou chuva. Aquele foi o mês mais seco dos últimos 65 anos, mostram os registros do Inmet.
A vantagem, há três anos,
era a poluição mais branda.
O ozônio passou do limite
considerado ideal apenas em
um único dia daquele mês.
"Não dá para dizer ainda
que existe uma tendência de
invernos mais secos", afirma
Patrícia Vieira, meteorologista da empresa Somar.
"A grande diferença agora
é a sequência de dias seguidos com umidade abaixo dos
30%", diz a especialista.
De acordo com Vieira, em
2007 o nível de alerta não foi
atingido, ao contrário deste
ano, em que isso ocorreu
duas vezes.
Ontem, por meio de nota, a
Cetesb afirmou que "a situação atual, comum nesta época do ano, está sob controle".
Entretanto, com base no
plano de emergência ambiental, que é dos anos 1970,
o órgão solicitou que a população reduza, de forma voluntária, o uso do automóvel.
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