São Paulo, Sexta-feira, 27 de Agosto de 1999
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NA CÂMARA
Perda de mandato de José Izar e Maeli Vergniano deve ser votada no plenário na próxima semana
Comissões aprovam cassação de mais 2

Niels Andreas/Folha Imagem
Ana Quadros (ao centro, grisalha) entrega relatório pela cassação de Maeli e Mellão ( em pé)


JOÃO CARLOS SILVA
da Reportagem Local

Duas comissões processantes da Câmara Municipal aprovaram ontem, por unanimidade, relatórios propondo a cassação dos vereadores José Izar (PFL) e Maeli Vergniano (sem partido).
Para os 14 vereadores que integraram as comissões, há indícios de que os dois parlamentares se envolveram em esquemas de propina, com enriquecimento ilícito e formação de quadrilha, além de terem usado a estrutura da administração em benefício próprio.
A decisão será dada pelo plenário, que deve votar os relatórios em sessões na terça (Maeli) e quarta-feira (Izar). Para cassar um mandato, são necessários 37 dos 55 votos da Câmara.
Cada grupo de investigação era composto por sete vereadores, e os governistas eram maioria nas duas comissões. Maeli e Izar, portanto, foram investigados por comissões que, na maioria, eram compostas por seus pares.
No caso de Izar, havia cinco parlamentares da situação e dois da oposição -contando como oposição Salim Curiati Jr., que é do PPB, mas tem votado com os partidos contrários ao prefeito Celso Pitta. Na comissão de Maeli, os governistas eram maioria ainda mais folgada: seis contra um.
Os dois vereadores foram procurados ontem em seus gabinetes para comentar a decisão. Eles não responderam aos recados deixados com seus assessores de imprensa. Durante a investigação, eles negaram as acusações.

História
O primeiro a perder o cargo na Câmara foi o vereador Vicente Viscome (sem partido), em junho deste ano. Hanna Garib também teve o mandato cassado, mas já havia assumido o cargo de deputado estadual.
Maeli e Izar foram denunciados após a CPI da máfia, criada para investigar a corrupção na administração municipal. Nessa investigação, Maeli foi acusada de peculato, por usar em benefício próprio carro da Vega Ambiental destinado à fiscalização na Regional de Pirituba.
A vereadora tinha controle sobre a regional, conquistado a partir do loteamento da administração municipal, feito pelo Executivo em troca de apoio na Câmara.
Ela também foi acusada de concussão (obter vantagem para deixar de exercer função pública), formação de quadrilha e enriquecimento ilícito -teria se apossado de dinheiro supostamente obtido por extorsão a comerciantes e moradores de Pirituba.
Foram essas as denúncias analisadas pela comissão processante. Todas foram acatadas ontem, após o novo processo de investigação. "Não estamos aqui para cassar vereadores. Durante todos os momentos a comissão quis que as provas e denúncias oferecidas fossem rebatidas. Infelizmente, a defesa de Maeli não conseguiu fazê-lo", disse a relatora do parecer que pede a cassação de Maeli, Miriam Athiê (PMDB).
Se a comissão não tivesse acatado as denúncias, a vereadora teria se livrado do risco de perder o cargo. Essa chance também teve o vereador José Izar. Ele era acusado de utilizar a Regional da Lapa como máquina da campanha a deputado do irmão, Williams José Izar, e de participar de um esquema de coleta de propinas nessa divisão da administração.


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