São Paulo, sábado, 27 de outubro de 2001

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PÓS-GRADUAÇÃO

Na PUC-SP, capitão recebe torta no rosto e é chamado de "fascista"

Protesto impede defesa de tese de PM

Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem
O capitão Francisco Wanderley Rohrer, que foi atingido por uma torta e impedido de apresentar sua tese


IURI DANTAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Aos gritos de "fascista" e "torturador", alunos que se identificaram como sendo da PUC-SP, da USP (Universidade de São Paulo) e secundaristas impediram ontem a quarta tentativa de apresentação da dissertação de mestrado do capitão da PM Francisco Wanderley Rohrer, 47. No protesto, o oficial foi atingido por uma torta.
Os manifestantes atribuem a Rohrer o comando de policiais militares no protesto antiglobalização na avenida Paulista no dia 20 de abril, que deixou dez feridos. Esse número é contestado pelos estudantes, que afirmam ter sido dez vezes maior.
O protesto de ontem aconteceu, de acordo com os estudantes, porque eles queriam ter sido avisados com uma semana de antecedência. Isso faria parte de um acordo selado com a reitoria, que nega. Segundo os alunos, esse seria o prazo necessário para organizar um protesto "em silêncio". Como o acordo teria sido desrespeitado, os estudantes decidiram impedir o exame da dissertação. O trabalho aborda o policiamento comunitário, o que os alunos consideram "hipocrisia".
A coordenação de pós-graduação em psicologia social da PUC (Pontifícia Universidade Católica) já havia fixado as datas de 21 de maio, 4 de junho e 13 de agosto. Segundo Bader Sawaia, coordenadora da área, nova data de deve ser estabelecida ainda neste ano.
A manifestação de ontem reuniu cerca de 300 alunos, segundo os responsáveis pela segurança da universidade. Os estudantes afirmaram que todos os manifestantes "foram reprimidos pela polícia na avenida Paulista".
Leonardo Pinho, 22, aluno do terceiro ano de ciências sociais da PUC-SP, agiu como porta-voz do grupo. Para ele, não há patrulhamento por parte dos estudantes.
Pinho, que participou do ato de 20 de abril, disse que haverá protestos quando for marcada uma nova data, mas que os manifestantes serão "silenciosos". "Não queremos bloquear a apresentação, e sim protestar e lembrar as atrocidades cometidas pelo capitão na avenida Paulista."
Segundo a polícia, "não houve tempo hábil" para que Rohrer assumisse a ação em abril, pois ele levou uma pedrada de manifestantes e foi encaminhado para atendimento antes que pudesse assumir o comando. A assessoria da PM informou que os responsáveis pela ação na Paulista foram um tenente e um major, cujos nomes não foram divulgados.
Segundo a vice-reitora comunitária da PUC, Branca Jurema Ponce, 48, a manifestação de ontem "faz parte do processo democrático". Ela diz ainda que o caráter público da apresentação da dissertação decorre de um "ritual" no mestrado. Por conta disso não seria possível impedir que, marcada uma nova data, os alunos a obstruam de novo.



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