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RIO
Assunto chegou à Promotoria, que decidiu arquivá-lo
Briga de duas crianças em escola vira caso de polícia em Petrópolis
TALITA FIGUEIREDO
ENVIADA ESPECIAL A PETRÓPOLIS
A briga de duas crianças de sete
anos durante o recreio escolar há
duas semanas passou por uma
delegacia de polícia e chegou ontem ao gabinete da Promotoria da
Infância e Juventude de Petrópolis (cidade serrana a 65 km do
Rio). Depois de examinar a questão, a promotora Maria Lurdes
Feo Polonio pediu o arquivamento do caso sem precisar ouvir as
"partes" -um menino e uma
menina que estão na 1ª série.
As duas crianças estudam na
mesma sala do Colégio Santa Isabel. "Ela estava correndo e caiu
em cima de mim. Depois, ela começou a me bater com a lancheira. Aí, eu dei uma rasteira nela e
ela caiu", contou o menino.
Segundo ele, a garota chorou
porque bateu a cabeça e ficou com
um galo. Ele também chorou "um
pouquinho", depois que ela o
acertou com a lancheira.
O que parece simples para o garoto, para a família dele e para a
promotora foi tachado de "espancamento e violência" pela mãe da
menina. Segundo ela, a garota
contou que, antes de dar a rasteira
nela, o garoto disse que "lutava judô e que ia bater nela".
"Minha filha foi uma vítima,
passou três dias em observação
num hospital, teve de fazer tomografia e depois ficou mais três dias
em casa. Nós fizemos isso para
mostrar à escola que minha filha
não pode chegar em casa machucada", afirmou ela, que não descarta a possibilidade de entrar
com uma ação contra a escola.
A diretora do Colégio Santa Isabel, irmã Maria da Conceição Milagres, afirmou ter se surpreendido quando uma intimação chegou ao colégio, determinando que
o pai do garoto e o próprio menino comparecessem à delegacia
para prestar depoimento. Segundo a irmã, a briga foi "coisa normal de criança".
Por pouco o menino não foi ouvido na delegacia. Apenas o pai do
garoto prestou depoimento. A
mãe dele disse que "lamenta" o
caso e que "não houve violência,
mas duas crianças aprendendo a
se defender".
De acordo com o ECA (Estatuto
da Criança e do Adolescente), menores de 12 anos não podem ser
acusados de "atos infracionais",
mas poderiam ser obrigados a ter
acompanhamento médico e psicológico. A promotora pediu o arquivamento do caso, descartando
ouvir o garoto.
Enquanto isso, na escola, as
duas crianças já fizeram as pazes.
"Nós somos amigos. Ontem ela
me deu um saquinho de bala",
afirmou o garoto.
As duas crianças e seus pais não
foram identificados pela Folha
para evitar que as crianças passem por constrangimentos.
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