São Paulo, sexta-feira, 27 de outubro de 2006

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Lutador de jiu-jitsu é acusado de agredir vítima de acidente

Segundo testemunhas, ele ainda espancou motorista que parou para prestar socorro

Uma das vítimas passou por cirurgia para retirar um coágulo do cérebro; acusado chegou a ser detido, mas foi liberado em seguida

PAULO SAMPAIO
ENVIADO ESPECIAL A SOROCABA (SP)

Um lutador de jiu-jítsu de 29 anos é acusado de ter provocado um acidente após uma ultrapassagem proibida e de ter agredido a vítima, mesmo presa nas ferragens, em uma rodovia no interior de São Paulo. O acusado Mario Sérgio de Lago Ramos Neto, segundo testemunhas, não parou por aí. Atacou com socos e pontapés Fernando Rodrigues Monteleoni de Moraes, 27, que tentava prestar socorro às vítimas. Moraes teve de passar por cirurgia para retirar um coágulo do cérebro.
Mário Sérgio, o Netão, como é conhecido em sua cidade, Piedade (94 km de SP), responderá a inquérito policial pelas agressões. Ele chegou a ser levado algemado por policiais à delegacia, mas foi liberado. A Folha não conseguiu localizá-lo.
Ao volante de uma picape Mitsubishi L 200, Netão colidiu de frente, no sábado, com o Omega 1996 dirigido pelo gerente de vendas Manuel Soares da Silva, 41, ao fazer uma ultrapassagem em local proibido na rodovia Raimundo Antunes Soares, que liga Piedade a Sorocaba. Soares conta que tentou desviar, mas já era tarde. Com a colisão, ficou preso nas ferragens do carro e recebeu socorro do comprador Moraes, que passava por ali na hora.
"[Moraes] Foi um anjo que veio me ajudar e o rapaz quase o matou. Nem os guardas rodoviários conseguiram contê-lo, estava fora de si. Ficava repetindo: "Vocês não sabem com quem estão falando"."
Os socos e pontapés aplicados por Netão em Moraes resultaram em sangramento no ouvido, lesões no olho e coágulos no cérebro.
Internado na UTI no hospital da Unimed em São Roque, Moraes é casado há menos de um ano, e sua mulher está grávida de dois meses. A advogada Márcia Regina de Moraes, irmã do jovem, afirma que ele teria morrido se não tivesse sido socorrido a tempo. Ela diz que não tem medo de represálias. "Imagina, nós não vamos ficar quietos, não! Ele vai ter que matar a família inteira, que é grande. Somos sete irmãos."
Em Piedade, Netão é conhecido como um "pitboy criador de casos". Sobrinho do vice-prefeito Marlis do Lago e primo da vereadora Cristina do Lago, foi detido por porte ilegal de arma, em 1997, e, neste ano, por agredir um lavrador, que perdeu o movimento da mão.
De acordo com Soares -o motorista do Omega, que teve perda total-, Netão desceu do carro fora de si. Ontem, ele ainda estava com hematomas ao redor do olho, andava com dificuldade e reclamava de dores na costela. Segundo ele, outros carros ainda pararam para ver o acidente, mas, "quando viam as ameaças", sumiam. "Ele é o tipo pitboy, tem mais de 1,80 m. É muito forte e usa aquelas camisetinhas justas", diz.
Na delegacia de Piedade, a informação de funcionários era que, quando todos chegaram, Moraes estava tão machucado que ninguém percebeu que ele era vitima de espancamento, e não do acidente. Um escrivão diz ainda que Netão deverá responder pelos crimes de lesão corporal culposa (ocasionada pelo acidente) e lesão corporal dolosa (pelo espancamento).


Colaboraram o "Agora" e a Folha Online


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