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Lutador de jiu-jitsu é acusado de agredir vítima de acidente
Segundo testemunhas, ele ainda espancou motorista que parou para prestar socorro
Uma das vítimas passou
por cirurgia para retirar um coágulo do cérebro; acusado chegou a ser detido, mas
foi liberado em seguida
PAULO SAMPAIO
ENVIADO ESPECIAL A SOROCABA (SP)
Um lutador de jiu-jítsu de 29
anos é acusado de ter provocado um acidente após uma ultrapassagem proibida e de ter
agredido a vítima, mesmo presa
nas ferragens, em uma rodovia
no interior de São Paulo. O acusado Mario Sérgio de Lago Ramos Neto, segundo testemunhas, não parou por aí. Atacou
com socos e pontapés Fernando Rodrigues Monteleoni de
Moraes, 27, que tentava prestar
socorro às vítimas. Moraes teve
de passar por cirurgia para retirar um coágulo do cérebro.
Mário Sérgio, o Netão, como
é conhecido em sua cidade, Piedade (94 km de SP), responderá
a inquérito policial pelas agressões. Ele chegou a ser levado algemado por policiais à delegacia, mas foi liberado. A Folha
não conseguiu localizá-lo.
Ao volante de uma picape
Mitsubishi L 200, Netão colidiu de frente, no sábado, com o
Omega 1996 dirigido pelo gerente de vendas Manuel Soares
da Silva, 41, ao fazer uma ultrapassagem em local proibido na
rodovia Raimundo Antunes
Soares, que liga Piedade a Sorocaba. Soares conta que tentou
desviar, mas já era tarde. Com a
colisão, ficou preso nas ferragens do carro e recebeu socorro do comprador Moraes, que
passava por ali na hora.
"[Moraes] Foi um anjo que
veio me ajudar e o rapaz quase
o matou. Nem os guardas rodoviários conseguiram contê-lo,
estava fora de si. Ficava repetindo: "Vocês não sabem com
quem estão falando"."
Os socos e pontapés aplicados por Netão em Moraes resultaram em sangramento no
ouvido, lesões no olho e coágulos no cérebro.
Internado na UTI no hospital da Unimed em São Roque,
Moraes é casado há menos de
um ano, e sua mulher está grávida de dois meses. A advogada
Márcia Regina de Moraes, irmã
do jovem, afirma que ele teria
morrido se não tivesse sido socorrido a tempo. Ela diz que
não tem medo de represálias.
"Imagina, nós não vamos ficar
quietos, não! Ele vai ter que
matar a família inteira, que é
grande. Somos sete irmãos."
Em Piedade, Netão é conhecido como um "pitboy criador
de casos". Sobrinho do vice-prefeito Marlis do Lago e primo da vereadora Cristina do
Lago, foi detido por porte ilegal
de arma, em 1997, e, neste ano,
por agredir um lavrador, que
perdeu o movimento da mão.
De acordo com Soares -o
motorista do Omega, que teve
perda total-, Netão desceu do
carro fora de si. Ontem, ele ainda estava com hematomas ao
redor do olho, andava com dificuldade e reclamava de dores
na costela. Segundo ele, outros
carros ainda pararam para ver
o acidente, mas, "quando viam
as ameaças", sumiam. "Ele é o
tipo pitboy, tem mais de 1,80
m. É muito forte e usa aquelas
camisetinhas justas", diz.
Na delegacia de Piedade, a
informação de funcionários era
que, quando todos chegaram,
Moraes estava tão machucado
que ninguém percebeu que ele
era vitima de espancamento, e
não do acidente. Um escrivão
diz ainda que Netão deverá responder pelos crimes de lesão
corporal culposa (ocasionada
pelo acidente) e lesão corporal
dolosa (pelo espancamento).
Colaboraram o "Agora" e a Folha Online
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