São Paulo, sexta-feira, 27 de outubro de 2006

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Kassab admite que ônibus pode aumentar

Prefeito afirma que seria "leviandade" descartar a possibilidade de reajuste da tarifa; valor discutido vai até R$ 2,40

Donos de viações acusam secretaria dos Transportes de não reorganizar as linhas da cidade, conforme promessa feita em março

DO "AGORA"
DA REPORTAGEM LOCAL

Pressionada por donos de viações que acusam a Secretaria Municipal de Transportes de não reorganizar as linhas de ônibus da cidade, a gestão Gilberto Kassab (PFL) estuda reajustar a tarifa dos atuais R$ 2 para até R$ 2,40.
As negociações estão em curso há mais de dois meses e a elevação deve ser aplicada ainda em 2006 -simultaneamente ao bilhete único integrado e à passagem da rede sobre trilhos, conforme intenção já revelada pelo presidente do Metrô, Luiz Carlos Frayze David.
Ontem, Kassab refutou as conversas com os empresários, mas admitiu a possibilidade de reajuste. "Seria leviandade minha com a cidade descartar a possibilidade do aumento", disse. "Mas por enquanto nenhuma reivindicação [das viações] nos foi apresentada nesse sentido. Não estive reunido com nenhum empresário."
O valor da futura passagem vai depender da disposição do prefeito de manter subsídios, programados para superar R$ 300 milhões no ano que vem.
Empresários dizem que, desde a metade do ano, receberam recados de representantes de Kassab de que haveria corte nas subvenções -e, conseqüentemente, alta da tarifa bem acima da inflação. Eles acabaram surpreendidos por essa redução não estar na proposta de Orçamento do Executivo para 2007.

Discurso
Assessores da gestão Kassab dizem que uma tarifa de R$ 2,30 -a mesma reivindicada há dois meses pelo Metrô para cobrir o déficit R$ 48 milhões nos primeiros sete meses do ano- seria suficiente para cobrir a evolução de despesas do sistema desde março de 2005, data do último aumento, desde que mantidos os subsídios atuais.
Mas há quem defenda um valor maior sob duas justificativas: 1) seria possível reduzir as subvenções e investir os recursos em obras; 2) haveria um desgaste popular grande, mas abriria a possibilidade de manter a passagem congelada por mais tempo, evitando novo reajuste até as eleições de 2008.
O novo discurso das viações acusa a gestão Kassab de não cortar 492 das 1.305 linhas de ônibus, como prometia Frederico Bussinger, secretário dos Transportes, em março.
O plano para a reorganizar o transporte coletivo foi apresentado pelo secretário em meio à paralisação de oito consórcios de empresas que ameaçavam romper os contratos com a prefeitura. À época, ele afirmou que a proposta aumentaria a oferta de 903 mil lugares diários para 1,07 milhão, apesar do corte nas linhas. O fim da sobreposição dos ônibus também elevaria os ganhos das viações.
Um dos objetivos do plano era estimular os passageiros a fazerem mais baldeações com o bilhete único. Dessa forma, e com a construção de terminais em áreas afastadas, os ônibus entrariam mais nos bairros.
Passados sete meses, os empresários reclamam que a reordenação não foi implantada e usam esse argumento para pedir um reajuste rápido.
A Secretaria Municipal dos Transportes diz que não existem negociações em curso.
Vereadores da base governista, contudo, dizem que a reivindicação dos empresários já foi apresentada ao município.


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