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Delegada sofre ameaças em site de neonazistas
Margarette Barreto, que combate crimes raciais, integra lista de "inimigos" de grupo
Movimento White Power São Paulo reproduz foto de delegada e alerta membros do grupo sobre o trabalho dela; DHPP investiga o caso
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Além de negros, judeus, homossexuais, nordestinos e imigrantes ilegais, um grupo neonazista decidiu incluir na sua
lista de "inimigos" uma delegada branca que combate o racismo na cidade de São Paulo.
Margarette Barreto, 38, responsável pelo Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos
de Intolerância), órgão especializado em investigar os crimes raciais na capital, tem sua
foto estampada no site do movimento White Power São Paulo, com a palavra "inimiga".
A delegada registrou anteontem boletim de ocorrência e o
DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa)
investiga o caso.
No site, o rosto da delegada é
reproduzido numa fotomontagem que imita a página inicial
do Orkut (site de relacionamentos) -veja quadro ao lado.
Segundo interpretação dos policiais, neonazistas querem dizer que, embora seja branca, a
delegada tem a alma negra -o
racismo é crime inafiançável e
sujeito à pena de prisão.
A delegada merece uma citação especial no site. A foto dela
surge abaixo do título "Os perigos do Orkut para os simpatizantes de nossa causa".
Um texto pede aos membros
do White Power para terem
cuidado com ela. No último parágrafo, responsáveis pelo site
afirmam que Margarette Barreto é um "inimigo". O motivo,
segundo a página, é que a delegada "caça àqueles (sic) que
tem (sic) uma posição contrária
ao homossexualismo e à miscigenação".
A Folha tentou entrevistar a
delegada ontem, mas a assessoria de imprensa da Secretaria
de Segurança Pública do Estado de São Paulo informou que
Barreto está bastante ocupada
no momento.
Outra pessoa alvo de ameaças do movimento que prega a
segregação racial é o jornalista
negro Dojival Vieira dos Santos, 50, presidente da Afropress -Agência Afroétnica de
Notícias (www.afropress.com)- ligada a ONG
ABC Sem Racismo.
Ele também tem sua foto publicada no site neonazista. O
grupo o descreve como a pessoa que "abriu um inquérito no
Ministério Público contra a
nossa organização".
O Ministério Público Federal
investiga quem invadiu a página da Afropress na internet.
"Divulgar nossas fotos no site neonazista representa nos
eleger alvos do movimento",
afirma o presidente da entidade, que também registrou queixa à polícia sobre o fato.
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