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Obra municipal danifica casas na Vila Mariana
Cerca de 40 imóveis foram afetados e quatro tiveram sua interdição recomendada pela Prefeitura de SP
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
A dona-de-casa Aparecida
Matheus Godoi, 56, convive
com o risco de desabamento,
paredes rachadas e chão trincado desde fevereiro, quando
uma obra de canalização de
águas pluviais da Prefeitura de
São Paulo afetou a estrutura de
sua casa, na zona sul. A obra
prejudicou cerca de 40 imóveis
-outros três, além do citado,
foram considerados impróprios para uso na região.
A casa de Aparecida, localizada na rua Cristiano Castanho
de Almeida, foi avaliada pela
Subprefeitura da Vila Mariana
na época do estrago. A administração regional recomendou a
interdição, mas, oito meses depois, nada foi feito.
Sem ter para onde ir, Aparecida continua no imóvel, que
pode desabar a qualquer momento. Segundo a dona-de-casa, a empresa responsável pela
obra, a Este Reestrutura, ou a
prefeitura, deveriam pagar aluguel para as pessoas que estão
nessa situação. "A única coisa
que me ofereceram foi ir para
um albergue", diz.
Entre os problemas mais comuns na área estão as rachaduras em imóveis e muros e a impossibilidade de os proprietários usarem a garagem -porque o material da obra ou buracos no chão impedem o acesso
dos carros.
A obra -no valor de R$ 6,5
milhões- está paralisada desde
agosto, segundo a gestão de Gilberto Kassab (PFL), por necessidade de readequar uma caixa
de água pluvial. A prefeitura diz
que as obras serão retomadas
na próxima semana e que devem terminar em dezembro.
Apenas Cristina Souza, com
o marido e os dois filhos, foi alocada em outra casa. "Mas colocaram nós quatro num lugar de
um só quarto. Não tem espaço
para nada", diz. "Prometeram
uma solução em dois meses,
mas a situação já dura oito."
O imóvel está com buracos
no chão, rachaduras na parede
e azulejos caídos. O mais grave
parece ser um deslocamento da
laje e de uma escada, que desgrudou do muro da casa, e a parede torta da sala, que pende
sobre o imóvel vizinho.
O chefe-de-gabinete da Secretaria de Infra-Estrutura Urbana, Luís Bastos Lemos, diz
que, apesar das interdições, a
pasta tem como avaliar se os
imóveis vão cair e retirar os
moradores antes. "Está interditada, mas a gente sabe que a casa não vai cair", diz.
Questionado sobre a responsabilidade da prefeitura em dar
abrigo aos moradores afetados,
disse: "Infelizmente é assim. A
pessoa que não tem para onde
ir acaba convivendo com o risco", afirmou.
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