São Paulo, sexta-feira, 27 de outubro de 2006

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Obra municipal danifica casas na Vila Mariana

Cerca de 40 imóveis foram afetados e quatro tiveram sua interdição recomendada pela Prefeitura de SP

AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL

A dona-de-casa Aparecida Matheus Godoi, 56, convive com o risco de desabamento, paredes rachadas e chão trincado desde fevereiro, quando uma obra de canalização de águas pluviais da Prefeitura de São Paulo afetou a estrutura de sua casa, na zona sul. A obra prejudicou cerca de 40 imóveis -outros três, além do citado, foram considerados impróprios para uso na região.
A casa de Aparecida, localizada na rua Cristiano Castanho de Almeida, foi avaliada pela Subprefeitura da Vila Mariana na época do estrago. A administração regional recomendou a interdição, mas, oito meses depois, nada foi feito.
Sem ter para onde ir, Aparecida continua no imóvel, que pode desabar a qualquer momento. Segundo a dona-de-casa, a empresa responsável pela obra, a Este Reestrutura, ou a prefeitura, deveriam pagar aluguel para as pessoas que estão nessa situação. "A única coisa que me ofereceram foi ir para um albergue", diz.
Entre os problemas mais comuns na área estão as rachaduras em imóveis e muros e a impossibilidade de os proprietários usarem a garagem -porque o material da obra ou buracos no chão impedem o acesso dos carros.
A obra -no valor de R$ 6,5 milhões- está paralisada desde agosto, segundo a gestão de Gilberto Kassab (PFL), por necessidade de readequar uma caixa de água pluvial. A prefeitura diz que as obras serão retomadas na próxima semana e que devem terminar em dezembro.
Apenas Cristina Souza, com o marido e os dois filhos, foi alocada em outra casa. "Mas colocaram nós quatro num lugar de um só quarto. Não tem espaço para nada", diz. "Prometeram uma solução em dois meses, mas a situação já dura oito."
O imóvel está com buracos no chão, rachaduras na parede e azulejos caídos. O mais grave parece ser um deslocamento da laje e de uma escada, que desgrudou do muro da casa, e a parede torta da sala, que pende sobre o imóvel vizinho.
O chefe-de-gabinete da Secretaria de Infra-Estrutura Urbana, Luís Bastos Lemos, diz que, apesar das interdições, a pasta tem como avaliar se os imóveis vão cair e retirar os moradores antes. "Está interditada, mas a gente sabe que a casa não vai cair", diz.
Questionado sobre a responsabilidade da prefeitura em dar abrigo aos moradores afetados, disse: "Infelizmente é assim. A pessoa que não tem para onde ir acaba convivendo com o risco", afirmou.


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