São Paulo, sábado, 27 de outubro de 2007

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Promotoria apura conexão GO-MG na fraude

Ministério Público investiga se a Casmil, de Passos (MG), adquiriu tecnologia das fraudes no leite de um laticínio de Pires do Rio (GO)

Laticínio goiano também é suspeito de ter fornecido soro de queijo para a cooperativa mineira dar volume ao leite

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O Ministério Público de Minas Gerais investiga possível conexão entre produtores de leite do Estado e de Goiás nas fraudes no produto. Autoridades dos dois Estados já identificaram leite adulterado.
Documento da Promotoria, ao qual a Folha teve acesso, aponta que a Casmil (Cooperativa Agropecuária do Sudoeste Mineiro), de Passos (MG), sob suspeita de adulteração, teria adquirido a tecnologia das fraudes no leite do dono de um laticínio de Pires do Rio (GO), o Laticínio Búfalo.
O laticínio goiano também é suspeito de ter fornecido soro de queijo para a cooperativa mineira dar volume ao leite.
A informação foi passada ao Ministério Público por um funcionário da Casmil que prestou depoimento sob a condição de não ter seu nome revelado.
Diz o documento: "A tecnologia para a realização das fraudes fora adquirida em mãos de uma pessoa de nome Marcos, conhecida pela alcunha Japonês, proprietária do Laticínio Búfalo, (...) e seria utilizada como forma de enfrentar as graves dificuldades financeiras vivenciadas pela Casmil".
A Folha localizou em Pires do Rio a Indústria e Comércio Laticínios Pires do Rio, que, segundo funcionários, trata-se do Búfalo. O proprietário é Marcos Michiata, que nega as suspeitas.
A Vigilância Sanitária de Pires do Rio informou que investiga denúncia de adição de formol ao leite em uma indústria, mas não disse se a irregularidade ocorre no Laticínio Búfalo.
Laudo do Lanagro (Laboratório Nacional Agropecuário), vinculado ao Ministério da Agricultura, com resultados das análises do leite cru resfriado vendido pela cooperativa de Passos, indicou presença de soro e água oxigenada.
O funcionário que deu as informações à Promotoria disse que, inicialmente, o soro usado pela Casmil para encorpar o leite era do Laticínio Búfalo. Depois, a empresa teria passado a usar soro resultante de seu próprio processo industrial.
"A utilização do soro pela própria Casmil passou a ser possível porque o informante, que é seu funcionário, acabou por descobrir técnica mais eficiente e barata do que aquela criada pelo "Japonês'", diz o documento da Promotoria.


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