São Paulo, segunda-feira, 27 de outubro de 2008

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MARIA THERESA LARA CAMPOS (1930-2008)

Ouviu o corpo em busca da identidade

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao saber, no começo do ano, que estava com leucemia, Maria Theresa Lara Campos tomou uma decisão: não lutaria contra a doença.
Recusou-se a fazer quimioterapia, pelo sofrimento que o tratamento causa aos pacientes. A última vez que saiu de casa -lembra o irmão Eduardo Suplicy- foi no mês passado, quando a mãe completou cem anos.
Era fruto do primeiro casamento de dona Filomena Matarazzo Suplicy, mas não chegou a conhecer o pai -ele morreu quando ela ainda estava para nascer. Casou-se aos 46, e, 23 anos depois, ficou viúva. Não teve filhos.
Sabendo da proximidade da morte, escreveu uma carta de despedida, de três páginas, na qual destaca a importância de ter "raízes" e de "buscar o próprio caminho".
Amante da arquitetura, vivia de casa em casa: comprava um imóvel, reformava-o, mudava-se para outro, iniciava a reforma, depois mudava-se de novo, e assim por diante. "Estava sempre em busca de algo que acalmasse a minha alma", escreveu.
Quando fez 65, passou por um cirurgia, parou de dirigir e, com a ameaça de perder os movimentos, começou a "ouvir o próprio corpo". "Dediquei minha vida a encontrar minha identidade. Vou feliz, porque a encontrei."
Morreu na quarta, aos 78, em SP. Para a missa de sétimo dia, a ser realizada nesta semana, pediu para que as pessoas fossem vestidas com cores claras e deixassem o preto, do luto, em casa.

obituario@folhasp.com.br


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