São Paulo, segunda-feira, 27 de outubro de 2008

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Mercado de livros didáticos já tem títulos adaptados

DA REPORTAGEM LOCAL

Embora aparentemente a maioria dos brasileiros tenha pouca preocupação com as mudanças na escrita que chegarão no dia 1º de janeiro, uma parte se preparou e conhece com detalhes a futura ortografia.
À força, o mercado de livros didáticos já oferece títulos atualizados. Em primeiro lugar, porque o Ministério da Educação exigiu que, a partir de 2010, todos os livros feitos para a rede pública contenham obrigatoriamente as novas regras.
Depois, porque os colégios particulares fazem questão que já em 2009 ao menos os livros de português estejam atualizados. "Não temos como não adotar. Os pais já estão perguntando", diz Gabriela Argolo, coordenadora pedagógica da escola Cidade Jardim PlayPen.

Medo de prejuízo
As editoras estão atendendo aos pedidos, mas a contragosto. Elas pensam nos prejuízos provocados pelos exemplares que, com a grafia de hoje, ficarão encalhados. Também se preocupam com as dúvidas do acordo que só serão esclarecidas em fevereiro, quando a ABL lançar seu "Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa".
"Ou seja: há a possibilidade de os livros passarem por nova revisão", prevê Jorge Yunes, diretor da Associação Brasileira de Editores de Livros.
Na sexta passada, o auditório da Editora Unesp ficou lotado para uma aula sobre as mudanças. Os alunos eram, na maioria, revisores de textos.
Nos colégios Elvira Brandão e Pio XII, de São Paulo, e na Escola Internacional de Alphaville, os docentes de português vão apresentar as novidades aos colegas das outras disciplinas. As escolas que adotam o sistema de ensino Pueri Domus terão a visita de especialistas.
O colégio Sion, de São Paulo, vai distribuir aos alunos um resumo das mudanças. "O quadro poderá ser consultado nas provas, como uma cola oficial", diz a coordenadora pedagógica, Maria Cristina Figueiredo.
Por videoconferência, a Secretaria da Educação de São Paulo treinou na semana passada 17 mil professores, supervisores e diretores. Nesse grupo, a professora de geografia Rosângela Galvão dos Santos gostou de saber da volta das letras "k", "w" e "y" ao alfabeto. "Meus filhos se chamam Erick Wesley e Spencer Wheeler. Foi difícil convencer os cartórios a aceitar essas letras", conta.

Caminho nebuloso
Fora do meio escolar, o caminho será nebuloso nos quatros anos de transição. A Drei Marc, do ramo de legendas de filmes, ainda não sabe o que fazer. A adoção das regras caberá aos clientes -parte deve querê-las já em 2009 e parte só em 2013.
"Vamos ficar doidos fazendo o trabalho nos dois jeitos. E os espectadores vão ficar mais doidos ainda vendo uma grafia em cada filme", diz Marcelo Leite, diretor de qualidade. (RW)



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