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Mercado de livros didáticos já tem títulos adaptados
DA REPORTAGEM LOCAL
Embora aparentemente a
maioria dos brasileiros tenha
pouca preocupação com as mudanças na escrita que chegarão
no dia 1º de janeiro, uma parte
se preparou e conhece com detalhes a futura ortografia.
À força, o mercado de livros
didáticos já oferece títulos
atualizados. Em primeiro lugar, porque o Ministério da
Educação exigiu que, a partir de
2010, todos os livros feitos para
a rede pública contenham obrigatoriamente as novas regras.
Depois, porque os colégios
particulares fazem questão que
já em 2009 ao menos os livros
de português estejam atualizados. "Não temos como não adotar. Os pais já estão perguntando", diz Gabriela Argolo, coordenadora pedagógica da escola
Cidade Jardim PlayPen.
Medo de prejuízo
As editoras estão atendendo
aos pedidos, mas a contragosto.
Elas pensam nos prejuízos provocados pelos exemplares que,
com a grafia de hoje, ficarão encalhados. Também se preocupam com as dúvidas do acordo
que só serão esclarecidas em fevereiro, quando a ABL lançar
seu "Vocabulário Ortográfico
da Língua Portuguesa".
"Ou seja: há a possibilidade
de os livros passarem por nova
revisão", prevê Jorge Yunes, diretor da Associação Brasileira
de Editores de Livros.
Na sexta passada, o auditório
da Editora Unesp ficou lotado
para uma aula sobre as mudanças. Os alunos eram, na maioria, revisores de textos.
Nos colégios Elvira Brandão
e Pio XII, de São Paulo, e na Escola Internacional de Alphaville, os docentes de português
vão apresentar as novidades
aos colegas das outras disciplinas. As escolas que adotam o
sistema de ensino Pueri Domus
terão a visita de especialistas.
O colégio Sion, de São Paulo,
vai distribuir aos alunos um resumo das mudanças. "O quadro
poderá ser consultado nas provas, como uma cola oficial", diz
a coordenadora pedagógica,
Maria Cristina Figueiredo.
Por videoconferência, a Secretaria da Educação de São
Paulo treinou na semana passada 17 mil professores, supervisores e diretores. Nesse grupo, a professora de geografia
Rosângela Galvão dos Santos
gostou de saber da volta das letras "k", "w" e "y" ao alfabeto.
"Meus filhos se chamam Erick
Wesley e Spencer Wheeler. Foi
difícil convencer os cartórios a
aceitar essas letras", conta.
Caminho nebuloso
Fora do meio escolar, o caminho será nebuloso nos quatros
anos de transição. A Drei Marc,
do ramo de legendas de filmes,
ainda não sabe o que fazer. A
adoção das regras caberá aos
clientes -parte deve querê-las
já em 2009 e parte só em 2013.
"Vamos ficar doidos fazendo
o trabalho nos dois jeitos. E os
espectadores vão ficar mais
doidos ainda vendo uma grafia
em cada filme", diz Marcelo
Leite, diretor de qualidade.
(RW)
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