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Alunos agridem colegas da Unesp em "rodeio de gordas"
Universitários criam "competição" na qual pulam sobre estudantes obesas
Mais de 50 rapazes fizeram parte da agressão contra as meninas, que ocorreu em jogos entre os campi
ELIANE TRINDADE
DE SÃO PAULO
DANIEL BERGAMASCO
EDITOR-ADJUNTO DE COTIDIANO
Um grupo de alunos da
Universidade Estadual Paulista, uma das mais importantes do país, organizou
uma "competição", batizada
de "Rodeio das Gordas", cujo
objetivo era agarrar suas colegas, de preferências as obesas, e tentar simular um rodeio -ficando o maior tempo
possível sobre a presa.
A agressão ocorreu no InterUnesp 2010, jogos universitários realizados em Araraquara, de 10 a 13 de outubro.
Anunciado como o maior
do país, o evento esportivo e
cultural, que reuniu 15 mil
universitários de 23 campi da
Unesp, virou palco de agressão para alunas obesas.
Roberto Negrini, estudante do campus de Assis, um
dos organizadores do "rodeio das gordas" e criador da
comunidade do Orkut sobre
o tema, diz que a prática era
"só uma brincadeira".
Segundo ele, mais de 50
rapazes de diversos campi
participavam. Conta que, primeiro, o jovem se aproximava da menina, jogando conversa fora -"onde você estuda?", entre outras perguntas
típicas de paquera.
Em seguida, começava a
agressão. "O rodeio consistia
em pegar as garotas mais
gordas que circulavam nas
festas e agarrá-las como fazem os peões nas arenas", relata Mayara Curcio, 20, aluna
do quarto ano de psicologia,
que participa do grupo de 60
estudantes que se mobilizaram contra o bullying.
No Orkut, os participantes
estipulavam regras para futuras competições, entre elas
cronometrar as performances dos "peões" e premiar
quem ficasse mais tempo em
cima das garotas com um
abadá e uma caneca. Há relatos de gritos de incentivo:
"Pula, gorda bandida".
Com a repercussão, a página do site de relacionamento
foi excluída. Cópias dos posts
espalharam-se pelo campus
em Assis.
Em murais aparecem frases como "Unesp = Uniban",
referência ao caso a Geisy Arruda, que foi xingada por
usar um vestido curto.
As vítimas não querem falar. "Uma das meninas está
tão abalada que não teve
condições de voltar à faculdade. Teme ficar conhecida
como "a gorda do rodeio'",
afirma a advogada Fernanda
Nigro, que acompanhou, na
última terça-feira, uma manifestação de repúdio.
O grupo foi recebido pelo
vice-diretor da Faculdade de
Ciências e Letras, do Campus
de Assis, Ivan Esperança.
"Vamos ouvir os envolvidos
e estudar as medidas disciplinares, mas não queremos
estabelecer um processo inquisitório", disse ele à Folha.
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