São Paulo, quarta-feira, 27 de outubro de 2010

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"Rodeio" foi só uma brincadeira, diz estudante que participou

Segundo aluno de engenharia biotecnológica, magras também eram pegas e todas podiam se soltar

Ele propõe, como autopunição, participar de organização de evento sobre violência contra as mulheres

DANIEL BERGAMASCO
EDITOR-ADJUNTO DE COTIDIANO

O estudante de engenharia biotecnológica Roberto Negrini, um dos líderes do "rodeio das gordas", disse que a prática era "só uma brincadeira".
Negrini não quis gravar entrevista, mas recebeu a Folha ao portão, na república onde mora, em Assis, no interior paulista.
Segundo ele, o objetivo não era ofender ninguém. Magras também eram agarradas, ele diz, e também ouviam a frase "Você é a menina mais gorda que eu já vi".
O "rodeio" aconteceu em uma das festas noturnas do InterUnesp, em um galpão, com música e bebida.
Ele conta que o jovem que participava da competição se aproximava da garota, como em uma paquera. No meio da conversa, ele deveria dizer a frase à garota.
Ganhava quem a mantivesse presa por mais tempo nos braços -alguns chegavam a, de fato, "montar" nas costas das garotas.
Negrini diz que não havia agressão: a garota poderia se soltar se quisesse. O relato de outros alunos é diferente -dizem que parte da "brincadeira" consistia em reagir às tentativas de soltura.
Alunos também afirmam que a menina era chamada de gorda aos gritos. Já Negrini diz que isso era apenas "falado", em tom normal.
Vitor, um dos colegas de Negrini na república (uma casa ampla em um dos bairros mais valorizados da cidade, com um Corsa novo 1.4 na garagem), também avalia que a repercussão sobre o tema foi desproporcional.
Para os estudantes, procurar a diretoria do campus e depois pedir desculpas em público, em um palco montado no campus da Unesp de Assis durante um evento na última sexta, como fizeram, foi uma forma de esclarecer que não houve preconceito.
Claramente constrangido ao falar do assunto, Negrini disse que se arrependeu do que fez. Conta também que propôs ao Diretório Acadêmico uma autopunição, ao lado de outros participantes do "rodeio".
Sua proposta é ajudar na organização de um evento anual do campus que trata, entre outros assuntos, da violência contra a mulher.


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