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"Rodeio" foi só uma brincadeira, diz estudante que participou
Segundo aluno de engenharia biotecnológica, magras também eram pegas e todas podiam se soltar
Ele propõe, como
autopunição, participar
de organização de
evento sobre violência
contra as mulheres
DANIEL BERGAMASCO
EDITOR-ADJUNTO DE COTIDIANO
O estudante de engenharia biotecnológica Roberto
Negrini, um dos líderes do
"rodeio das gordas", disse
que a prática era "só uma
brincadeira".
Negrini não quis gravar
entrevista, mas recebeu a Folha ao portão, na república
onde mora, em Assis, no interior paulista.
Segundo ele, o objetivo
não era ofender ninguém.
Magras também eram agarradas, ele diz, e também ouviam a frase "Você é a menina mais gorda que eu já vi".
O "rodeio" aconteceu em
uma das festas noturnas do
InterUnesp, em um galpão,
com música e bebida.
Ele conta que o jovem que
participava da competição se
aproximava da garota, como
em uma paquera. No meio
da conversa, ele deveria dizer a frase à garota.
Ganhava quem a mantivesse presa por mais tempo
nos braços -alguns chegavam a, de fato, "montar" nas
costas das garotas.
Negrini diz que não havia
agressão: a garota poderia se
soltar se quisesse. O relato de
outros alunos é diferente
-dizem que parte da "brincadeira" consistia em reagir
às tentativas de soltura.
Alunos também afirmam
que a menina era chamada
de gorda aos gritos. Já Negrini diz que isso era apenas
"falado", em tom normal.
Vitor, um dos colegas de
Negrini na república (uma
casa ampla em um dos bairros mais valorizados da cidade, com um Corsa novo 1.4
na garagem), também avalia
que a repercussão sobre o tema foi desproporcional.
Para os estudantes, procurar a diretoria do campus e
depois pedir desculpas em
público, em um palco montado no campus da Unesp de
Assis durante um evento na
última sexta, como fizeram,
foi uma forma de esclarecer
que não houve preconceito.
Claramente constrangido
ao falar do assunto, Negrini
disse que se arrependeu do
que fez. Conta também que
propôs ao Diretório Acadêmico uma autopunição, ao
lado de outros participantes
do "rodeio".
Sua proposta é ajudar na
organização de um evento
anual do campus que trata,
entre outros assuntos, da
violência contra a mulher.
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