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SAÚDE
RS, SC, PR e MS se reúnem para importar remédios destinados a pacientes com doenças como Aids
Estados formam consórcio para remédio
LÉO GERCHMANN
da Agência Folha em Porto Alegre
Os Estados que compõem o Codesul (Conselho de Desenvolvimento e Integração do Sul) assinaram ontem, em reunião no Palácio Piratini (sede do governo
gaúcho), protocolo pelo qual formarão um consórcio destinado à
compra no exterior de medicamentos para distribuição e venda
subsidiada ao consumidor.
O Codesul é integrado por Rio
Grande do Sul, Santa Catarina,
Paraná e Mato Grosso do Sul.
O acordo dos quatro Estados
prevê a realização de licitações
das quais participarão laboratórios internacionais. Os governadores decidiram que vão encomendar um número grande de
lotes para baixar os custos das
transações.
Os remédios que serão comprados ainda não foram definidos,
assim como não se sabe qual será
a economia que os Estados vão
obter com a importação. "A decisão, aqui, foi política. A partir de
agora, vamos tratar das questões
técnicas", disse Olívio Dutra, governador do Rio Grande do Sul e
presidente do Codesul.
"É uma resposta à indústria farmacêutica, uma ação articulada
dos quatro Estados pela vida. Não
podemos ficar submetidos ao poder econômico das grandes empresas. Espero que nossa atitude
política já sirva como pressão."
Os remédios importados vão
ser distribuídos para os pacientes
que necessitem de atendimento
imediato. Eles serão para Aids,
esquizofrenia, insuficiência renal, hepatite, transplantes de órgão e epilepsia, cujos custos são
elevados.
De acordo com Olívio, as empresas estabelecidas no Brasil
criaram monopólios que prejudicam os consumidores, embora
"o Ministério da Saúde venha demonstrando uma ação firme
contra esse tipo de prática".
O governo gaúcho já havia
apresentado reclamação formal à
Comissão Parlamentar de Inquérito sobre medicamentos, no
Congresso, acusando a dificuldade de adquirir a maior parte dos
remédios "excepcionais e especiais".
No Rio Grande do Sul, 20 mil
pessoas têm doenças crônicas, o
que representa gasto anual de R$
100 milhões. Em recente licitação,
dos 70 remédios solicitados, só 25
foram comprados.
Um exemplo é o da clozapina,
contra a esquizofrenia. O Estado,
após pesquisa de mercado, definiu o preço máximo em R$ 274.
O fabricante, porém, cobrou R$
317,47. Como precisou do remédio emergencialmente, a Secretaria da Saúde tratou de comprá-lo
sem licitação, encontrando-o por
R$ 85,18.
Os governadores também pediram investigação sobre supostos abusos na venda de remédios.
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