Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem

Para evitar novos saques das caixas de margarina, policial rodoviário utiliza spray de pimenta

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
REPÓRTER-FOTOGRÁFICO

Durante a tentativa de saque ao caminhão que tombou na Régis Bittencourt, um policial rodoviário federal foi flagrado pela Folha lançando gás de pimenta em mulheres e crianças que estavam no local. "Não quero ninguém aqui. Vamos circular", disse o policial, antes de apertar o spray.
O inspetor da PRF, Edson Varanda, disse que, "se houver denúncia, o caso será apurado pela corregedoria".
A carga de potes de 500 gramas de margarina Quality, da Sadia, que rolou por um matagal chamou atenção dos moradores do bairro do Engano, em Miracatu, que tentavam pegar o que estava no chão. "Toda vez que cai uma carreta aqui fazem isso, não deixam ninguém chegar perto", disse um homem.
O morador, porém, conseguiu pegar duas caixas com 12 unidades. "Estavam no chão."
Depois do acidente, outro caminhão, da Sadia, foi ao local recolher o produto. Com o veículo tombado, a transferência da carga foi complicada e demorou toda a manhã.
Derretida pelo calor, a manteiga -que custa cerca de R$ 3,50 nos supermercados de São Paulo- não fez tanto sucesso. Muitas pessoas abriram os potes e destruíram pelas ruas de terra do bairro do Engano, que ficaram ainda mais escorregadias. Outras pessoas sentavam sobre as caixas fechadas, enquanto acompanhavam o trabalho de retirada do caminhão.
"Formou uma nata por cima, deve estar tudo estragado", disse Laurindo de Jesus, 33, que preferiu não levar "isso" para a família comer. "Não vale a pena, depois eles passam mal por causa de uma margarina que eu poderia ter comprado." Um dos colegas dele, que pegou o produto, discordou. "Se estivesse ruim, eles não tinham mandado outro caminhão aqui pra pegar de volta. É só pôr na geladeira que fica bom."
O bairro todo passou o dia em função da carreta tombada. A escola municipal onde estudam 98 crianças cancelou as aulas. "Todo mundo aqui conhecia o seu Dito [Benedito Soares, que morreu], é um dia muito triste", justificou a coordenadora Marcia Tanaka. (CR e LUIZ CARLOS MURAUSKAS)

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