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Polícia do PA tinha cela para isolar menina
Carceragem de Abaetetuba, onde garota de 15 anos ficou presa com detentos, tem uma outra cela separada por grade
Segundo delegada, a jovem ficou presa com 12 homens, em média, enquanto outros oito presos mais perigosos ficavam no espaço reservado
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA
A carceragem de Abaetetuba
(PA), onde uma menina de 15
anos ficou presa com outros detentos por 26 dias, tem uma outra cela, separada por grades,
onde a garota poderia ter ficado
isolada dos demais presos.
Para a delegada Liane Martins, que conduz a investigação
sobre a responsabilidade de
três delegados de Abaetetuba
no caso, há indícios de negligência por não terem investigado a idade da jovem -eles disseram que, ao ser presa, a garota declarou ter nascido em 1987
e não portava documento.
Segundo a delegada, a adolescente foi mantida presa com 12
homens, em média, enquanto
outros oito presos, considerados mais perigosos, ficavam no
espaço reservado, sem contato
com os demais. A Polícia Civil
não respondeu por que a garota
não foi isolada nem a capacidade de cada cela. Segundo o órgão, juntas, as duas celas podem abrigar de 25 a 30 pessoas.
Martins, que faz parte da
Corregedoria da Polícia Civil
do Pará, disse que, com base
nos depoimentos dos presos
que dividiram a cela com a garota, ela foi estuprada uma única vez por um preso e não sofreu abusos diários como afirmou após ser libertada.
"Ela sofreu abuso, mas não
foi na dimensão que está sendo
divulgado. Não aconteceu todos os dias, com vários presos.
Teve um preso que forçou
manter relação [sexual] com
ela. Isto é um fato que está sendo comprovado com os relatos
dos presos", disse Martins.
A adolescente contou aos
conselheiros tutelares que sofreu abuso sexual na prisão e
que teve de manter relações sexuais com os presos em troca
de comida. A jovem apresentava queimaduras nos pés e hematomas e teve o cabelo cortado na carceragem.
Para Martins, os delegados
investigados não eram responsáveis pelo que acontecia na
carceragem, pois os presos ficam sob a custódia da Superintendência do Sistema Penitenciário. "A partir do momento
em que é feito o flagrante, o
preso é entregue ao sistema penal e fica sob a custódia deles.
Qualquer coisa que ocorra com
o preso é de responsabilidade
do sistema penal", disse.
De acordo com ela, os três delegados disseram, em depoimento, que não freqüentavam
as celas e que não tinham conhecimento do que acontecia
na carceragem.
A assessoria de imprensa da
Secretaria de Segurança Pública, à qual a Susipe (Superintendência do Sistema Penitenciário) é subordinada, informou
que, em Abaetetuba, por falta
de pessoal da Susipe, há um
acordo que estabelece que a
guarda dos presos é de responsabilidade da Polícia Civil.
Governadora
A governadora do Pará, Ana
Júlia Carepa (PT), esteve ontem com a ministra-chefe da
Casa Civil, Dilma Rousseff,
Brasília. Segundo a assessoria
de imprensa da governadora, o
problema carcerário do Estado
do Pará não foi abordado.
Hoje, a governadora deve se
reunir com o presidente Lula
para discutir o tema.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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