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Lula anuncia R$ 1,6 bi para Estados afetados
DO ENVIADO ESPECIAL A NAVEGANTES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de sobrevoar por
meia hora num helicóptero militar de portas abertas as cidades de Navegantes, Itajaí, Ilhota e Luís Alves, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva disse
se tratar da "pior tragédia" do
seu governo e uma das "maiores da história do Brasil".
E completou: "O que mais me
impressionou é ouvir que a
água baixou. Passei por locais
totalmente cheios d'água e o
governador [Luiz Henrique]
me disse que ontem não se via
nem parte do telhado".
O presidente anunciou a liberação, por meio de medida provisória, de R$ 1,6 bilhão em ajuda emergencial aos Estados do
Sul e do Sudeste afetados pelas
chuvas. Lula disse ainda que o
Banco do Brasil criou uma linha de crédito para empresários e agricultores catarinenses
e que estuda a liberação do dinheiro do fundo de garantia.
Também em Navegantes, o
ministro da Saúde, José Gomes
Temporão, anunciou a chegada
de um avião com dez toneladas
de remédios para Santa Catarina, e Lula confirmou o envio de
mais sete toneladas amanhã.
Orçamento
A medida provisória editada
por Lula remaneja pelo menos
R$ 679 milhões do Orçamento
da União para Santa Catarina,
do total de R$ 1,6 bilhão que será destinado a regiões afetadas.
Além dos recursos orçamentários, o Ministério da Fazenda
enviará ao governo do Estado
R$ 370 milhões por meio de títulos públicos, mas o governo
não explicou de que forma se
dará essa operação, qual a origem dos títulos e para que fim
poderão ser usados.
O valor total de ajuda federal
chegará a quase R$ 2 bilhões a
Santa Catarina, Paraná, Espírito Santo, Bahia, Maranhão e
Rio de Janeiro, que enfrentam
chuvas, nos casos do Sul e Sudeste, ou seca, no Nordeste.
Segundo a Presidência da República, o R$ 1,6 bilhão será distribuído da seguinte maneira:
R$ 720 milhões a ações da Defesa Civil; R$ 350 milhões para
recuperação de portos; R$ 280
milhões para estradas; R$ 150
milhões para ações das Forças
Armadas; e R$ 100 milhões a
ações de saúde, como reconstrução de postos de atendimento, compra de medicamentos e
equipamentos hospitalares e
atendimento aos atingidos.
Parte do dinheiro anunciado
já está sendo usado. A Defesa
Civil, por exemplo, já enviou a
SC lona, colchões, cestas básicas, cujos recursos estão nos R$
720 milhões previstos.
O Ministério da Defesa informou ontem que os R$ 150 milhões previstos na medida provisória para "ações das Forças
Armadas" deverão ser utilizados para as despesas já feitas e
para a manutenção das medidas adotadas. Até ontem, cerca
de 600 militares estavam em
Santa Catarina para ajudar no
socorro às vítimas.
O Estado receberá integralmente recursos das áreas de
saúde e de recuperação de portos, já que o principal porto catarinense, de Itajaí, foi totalmente destruído na enchente.
Remanejamento
Para chegar ao montante total da ajuda, o governo remanejou recursos do Orçamento. O
valor de R$ 1,6 bilhão não é "dinheiro novo", mas créditos extraordinários. Com isso, o valor
foi deslocado de programas já
em andamento. O governo não
detalhou, porém, de que programas saíram os recursos.
A enxurrada que atingiu o
Vale do Itajaí paralisou os principais centros industriais e de
escoamento de mercadorias do
Estado, além de comprometer
a safra de suas principais culturas. De acordo com a Fiesc (Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina), a estimativa inicial é de prejuízos
diários de pelo menos US$ 20
milhões apenas em Blumenau.
(VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO, SIMONE IGLESIAS e LARISSA GUIMARÃES)
Colaboraram GRACILIANO ROCHA, DIMITRI DO
VALLE e JOSÉ MASCHIO, da Agência Folha, em
Porto Alegre, Curitiba e Londrina
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