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ELENITA SOUZA BONFIM (1931-2008)
Um bom fim para 1.039 provérbios
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
O que ela mais ouvia além
de buzina de carro e som de
catraca girando era palavrão.
Por achar que as coisas poderiam ser ditas sem o uso de
termos grosseiros, Elenita
Bonfim, cobradora de ônibus
em São Paulo, decidiu compilar a sabedoria popular.
Num caderno universitário, passou a anotar todos os
provérbios e ditos populares
que sabia. "Quando fui ver,
ela tinha escrito 700 e poucos provérbios", lembra a filha, que sugeriu à mãe que
começasse a pesquisar mais.
Pendurada ao telefone
e por cartas, Nita consultava
amigos e parentes. Ultrapassou mil ditos em seu caderno. "Depois, tiramos as frases preconceituosas, e chegamos a 1.039", conta a filha.
Resultado: "Mais de Mil Provérbios Antigos e Ditos
Populares", um livro de dona
Elenita Bonfim, lançado
em 1997.
Nascida em Jequié (BA),
mudou-se com a família para
o PR nos anos 50. Lá, casou-se e teve uma loja de tecidos.
Em SP, como lembra a filha, a qualidade de vida caiu.
Arrumou um emprego de cobradora de ônibus e mantinha uma barraca na feira.
Todo o conhecimento que
adquiriu foi passado pelo pai.
Na educação dos filhos, não
faltaram ditos como "Morra
com a faca na garganta, mas
não fale mentira".
Elenita gostava de Inezita
(Barroso). Adorava cantar,
dançar e tocar acordeão. Para a filha, parar de trabalhar
foi muito prejudicial à mãe
-morreu sexta, aos 76, em
conseqüência do Alzheimer.
Deixa três filhas e três netos.
A missa de sétimo dia será
realizada hoje, às 19h30, na
igreja Nossa Senhora Achiropita, no centro da capital
paulista.
obituario@grupofolha.com.br
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