São Paulo, quinta-feira, 27 de novembro de 2008

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ELENITA SOUZA BONFIM (1931-2008)

Um bom fim para 1.039 provérbios

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

O que ela mais ouvia além de buzina de carro e som de catraca girando era palavrão.
Por achar que as coisas poderiam ser ditas sem o uso de termos grosseiros, Elenita Bonfim, cobradora de ônibus em São Paulo, decidiu compilar a sabedoria popular.
Num caderno universitário, passou a anotar todos os provérbios e ditos populares que sabia. "Quando fui ver, ela tinha escrito 700 e poucos provérbios", lembra a filha, que sugeriu à mãe que começasse a pesquisar mais.
Pendurada ao telefone e por cartas, Nita consultava amigos e parentes. Ultrapassou mil ditos em seu caderno. "Depois, tiramos as frases preconceituosas, e chegamos a 1.039", conta a filha.
Resultado: "Mais de Mil Provérbios Antigos e Ditos Populares", um livro de dona Elenita Bonfim, lançado em 1997.
Nascida em Jequié (BA), mudou-se com a família para o PR nos anos 50. Lá, casou-se e teve uma loja de tecidos.
Em SP, como lembra a filha, a qualidade de vida caiu. Arrumou um emprego de cobradora de ônibus e mantinha uma barraca na feira.
Todo o conhecimento que adquiriu foi passado pelo pai. Na educação dos filhos, não faltaram ditos como "Morra com a faca na garganta, mas não fale mentira".
Elenita gostava de Inezita (Barroso). Adorava cantar, dançar e tocar acordeão. Para a filha, parar de trabalhar foi muito prejudicial à mãe -morreu sexta, aos 76, em conseqüência do Alzheimer. Deixa três filhas e três netos.
A missa de sétimo dia será realizada hoje, às 19h30, na igreja Nossa Senhora Achiropita, no centro da capital paulista.

obituario@grupofolha.com.br


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