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Juiz anula remoção de agente penitenciário
Funcionário da penitenciária 2 de Presidente Venceslau divulgou suposto favorecimento a acusado de chefiar o PCC
Para Justiça, motivo da transferência foi retaliação; agente denunciou, por
e-mail, entrega irregular
de ovo de Páscoa a preso
CRISTIANO MACHADO
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA,
EM PRESIDENTE PRUDENTE
A Justiça anulou ato administrativo da SAP (Secretaria
de Administração Penitenciária) de transferência de um
agente penitenciário que divulgou suposto favorecimento a
presos da penitenciária 2 de
Presidente Venceslau (620 km
a oeste de SP), que abriga homens apontados pela polícia e
pelo Ministério Público como
membros da cúpula da facção
criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).
O funcionário Kleber Augusto Gabriel, que trabalha há sete
anos na chamada P2 de Presidente Venceslau, recebeu da
SAP a determinação da remoção para o presídio de Guareí
(207 km a oeste de SP), no dia
10 de junho deste ano.
"Ele estava em férias e foi
surpreendido com a decisão
publicada no "Diário Oficial",
pouco tempo depois de ter denunciado, por e-mail, a colegas
e superiores favorecimento a
detentos da prisão", disse o advogado do Sifuspesp (Sindicato
dos Funcionários do Sistema
Prisional de São Paulo), José
Roberto Benedito de Jesus, que
defendeu o agente no caso.
Na decisão publicada segunda-feira no "Diário da Justiça",
o juiz da 2ª Vara Cível da cidade, Darci Lopes Beraldo, afirma
que é "indisfarçável que o motivo da remoção foi retaliação, e
não simples atendimento ao interesse público". Procurado pela reportagem, o agente não
quis se manifestar.
Por meio da assessoria de imprensa, a SAP informou que
não comentaria o assunto.
A divulgação feita pelo agente envolve o preso Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, acusado pela polícia e pelo
MP de ser o chefe da facção e
que cumpre pena na unidade.
Na mensagem, cuja cópia foi
obtida pela reportagem, o agente relata que no dia 20 de março
deste ano uma das advogadas
de Marcola esteve no presídio e
entregou a diretores um ovo de
chocolate "tamanho grande"
destinado a seu cliente.
Ainda conforme o e-mail, comitiva de diretores da unidade
presenciou a passagem do ovo
pelo aparelho de raio X, que
não detectou irregularidade no
produto, encaminhado "intacto e em sua embalagem original" até o setor de inclusão.
No mesmo e-mail, o agente
diz que os diretores mandaram
buscar Marcola para entregar o
ovo de Páscoa. Conforme o
agente, Marcola estranhou o
fato de ter sido retirado da cela
depois das 16h30 (horário de
recolhimento dos presos) e ouviu o seguinte de um dos diretores: "Calma, meu amigo. Apenas a doutora Maria Odette
veio trazer este ovo de Páscoa e
nós viemos te entregar".
Na mesma mensagem, o
agente relata que Marcola chegou a se negar a pegar o presente e criticou os diretores. Na
mensagem, feita de seu e-mail
particular, o funcionário diz
que Marcola afirmou que
"qualquer advogado vem aqui
na porta da cadeia e vocês não
agüentam a pressão".
Em outro trecho, o agente diz
que o detento afirmou: "Isso
está errado, vocês precisam fazer escola de polícia de novo".
Apesar de se mostrar insatisfeito, o funcionário revelou a amigos que o detento apanhou o
"chocolate e saiu balançando a
cabeça, contrariado". A reportagem não conseguiu localizar
o advogado do detento.
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