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Onda de incêndio a carros chega a Ipanema
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
No sexto dia de confronto
entre traficantes de droga e
policiais, a onda incendiária
chegou à zona sul do Rio.
Na madrugada de ontem,
um carro foi queimado em
Ipanema, na rua Farme de
Amoedo, a duas quadras do
mar e a uma do conjunto de
favelas pacificadas do Cantagalo e do Pavão-Pavãozinho.
O dono do Fiat Punto queimado, um psicólogo de 36
anos, havia comprado o carro no dia anterior.
Dois menores de idade,
suspeitos de terem provocado o ataque, foram apreendidos pouco tempo depois nas
escadarias do Cantagalo.
Segundo a polícia, cumpriam ordens de Paulo César
Figueiredo, o Bolão, antigo
chefe do tráfico nos morros
de Ipanema ocupados pelas
unidades pacificadoras.
"Quando estacionei na rua
ainda pensei: tomara que
não aconteça nada. Fiquei
transtornado no início, mas
satisfeito por nada ter acontecido com ninguém", disse.
MESAS VAZIAS
Na noite de quinta, em Copacabana, os tradicionais
bares da orla estavam repletos de mesas vazias. Os ônibus, comuns àquela hora,
não circularam na madrugada. As prostitutas e travestis,
comuns àquelas calçadas,
também não apareceram.
De manhã, em Ipanema, o
movimento de pessoas e de
carros era menor do que o de
um dia útil. Moradores diziam que ainda esperavam
notícias das operações policiais para sair às ruas. À tarde, a agitação era normal.
"É, meu amigo, só resta
uma certeza, é preciso acabar
com essa tristeza", diz o médico Paulo Vasconcelos.
No elevador panorâmico
da favela do Cantagalo, moradores divergiam sobre a
ocupação de policiais.
"A violência aqui acabou.
Mudou tudo na nossa vida",
diz a faxineira Rejane Soares.
"Minha laje agora fica
trancada, não posso mais
deixar a porta aberta senão
roubam tudo", afirma a manicure Jussara dos Santos.
No morro, o clima era de
tranquilidade. Muitos moradores subiam com compras.
Armados de fuzis, policiais
patrulhavam os becos.
Os cariocas que costumam
aplaudir o pôr do sol agora
esperam que Ipanema volte a
ser só felicidade.
(VQG)
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