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TAM vendeu passagens em excesso, aponta Anac
Dados iniciais da auditoria indicam ainda que a empresa operou perto do limite
Primeiros indícios apontam
"excesso de ousadia" da companhia aérea na busca por eficiência e margem
de erro pouco realista
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
As primeiras informações da
auditoria realizada pela Anac
(Agência Nacional de Aviação
Civil) na TAM mostram que
houve um erro de gestão da
companhia ao operar próximo
do limite de sua capacidade.
Também foi constatada a
prática de overbooking (venda
de passagens acima do número
de assentos), mas os números
ainda estão sendo levantados,
conforme a Folha apurou.
A TAM informou que só irá
se pronunciar após a apresentação do relatório final da
agência, que deverá ser concluído nos próximos dias.
Em nota, a empresa afirmou
que recebeu ontem em sua sede a equipe da Anac e que os
técnicos responsáveis pela auditoria no sistema de reserva
da empresa tiveram acesso total a todas as informações.
A companhia retomou ontem a venda de passagens
-suspensa para vôos domésticos realizados do dia 22 até o
dia 25-, após ser responsabilizada por ter provocado um novo caos nos aeroportos do país
às vésperas do Natal.
Desde o dia 20, repetiram-se
as cenas de filas e de passageiros aglomerados nos principais
aeroportos do país.
A Folha apurou que os primeiros indícios apontam para
um "excesso de ousadia" na
busca por eficiência. Na prática, a TAM estaria operando no
limite de sua capacidade para
um sistema sem condições de
operar no mesmo ritmo.
A empresa não trabalhou
com a margem de erro adequada em razão de tudo que se verificou nos últimos meses, como problemas com controladores de vôo, questões climáticas e gestão aeroportuária.
A estimativa no limite da capacidade inclui aspectos como
o tempo de pouso e decolagem
em cada aeroporto e a eficiência operacional.
Em compensação, a empresa
respeitou a norma que permite
aos tripulantes permanecer no
avião por oito horas no máximo. Com isso, cada vez que
ocorria um atraso no vôo e o
período de trabalho da tripulação era ultrapassado, uma nova
equipe era convocada. A TAM é
uma das empresas com o maior
número de tripulantes de reserva no país.
Verificação
Além da TAM, outras companhias terão seus dados verificados pela Anac. O objetivo da
agência na investigação, segundo a Folha apurou, não é o de
incriminar alguma empresa,
mas de descobrir as causas do
caos no Natal e evitar que ele se
repita no Réveillon.
Dos 1.206 vôos previstos ontem no país até as 17h, 281
(23%) tiveram atraso superior
a uma hora. Outros 37 vôos foram cancelados.
Até agora, a checagem de informações indica que a TAM
perdeu o controle da situação
após seis aviões terem ido para
manutenção e após quedas sucessivas na rede de dados entre
Infraero e a TAM no aeroporto
Tom Jobim, no Rio.
O problema foi agravado pelo fechamento do aeroporto de
Congonhas (zona sul de São
Paulo), por razões meteorológicas, por duas vezes na madrugada e uma vez na tarde do último dia 20. A concentração da
malha da companhia nesse aeroporto também dificultou a
solução do problema.
A TAM representa pouco
mais de 50% do mercado doméstico de aviação. Nos últimos anos, a companhia iniciou
uma trajetória de corte de gastos e otimização da frota, consolidando assim a liderança no
mercado doméstico. Com a crise da Varig, a empresa confirmou também a liderança nos
vôos internacionais.
O modelo de otimização da
frota, com aviões que voam em
média 14 horas/dia, requer
também maior eficiência operacional, não só da empresa,
mas de todo o sistema aéreo,
que enfrentou sucessivas crises
nos últimos meses.
Ainda não há definição sobre
o tipo de restrição que a empresa pode sofrer após a conclusão da investigação da Anac.
As hipóteses incluem multas,
obrigação de ressarcimento
dos prejuízos e acompanhamento da agência.
Pesam a favor da empresa os
bons índices de regularidade e
pontualidade apresentados nos
últimos meses.
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