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Cai a taxa de aprovação ao governo Kassab
Datafolha mostra que índice de ótimo/bom caiu de 45%, em maio, para 39%; queda de aprovação foi maior entre mais ricos
Prefeito teve desgastes com crises na merenda e na limpeza, aumento de IPTU
e enchente; pesquisa foi feita entre os dias 14 e 18
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), termina
2009 com uma nova queda no
índice de aprovação de seu governo. Foi um ano em que enfrentou desgastes com crises na
merenda, na limpeza das ruas,
enchentes e aumento do IPTU.
Segundo pesquisa Datafolha
realizada entre os dias 14 e 18
deste mês, ainda sem o reflexo
do anúncio do reajuste da tarifa
de ônibus, feito na semana passada, a aprovação a Kassab caiu
de 45% (ótimo/bom), que obteve em maio, para 39%.
Chega a 27% os que classificam o governo Kassab como
ruim/péssimo, um salto de oito
pontos percentuais em sete
meses. Para 33%, sua gestão é
regular.
A pesquisa foi realizada com
1.088 moradores da capital com
mais de 16 anos. A margem de
erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.
O resultado é um declínio de
22 pontos percentuais em relação à pesquisa de outubro de
2008, quando Kassab obteve
seu pico de popularidade, com
61% de aprovação.
O detalhamento da pesquisa
por sexo, idade, renda e escolaridade revela ainda que o prefeito paulistano perde apoio em
todas as camadas, principalmente entre os mais ricos.
A curva de tendência de perda de apoio começou a dar sinais já no final de novembro de
2008, logo após as eleições, mês
em que a aprovação ao prefeito
já havia caído cinco pontos percentuais em relação à pesquisa
anterior. Desde então, o índice
só vem sofrendo quedas.
O novo cenário para Kassab
retrata um ano em que a crise
econômica mundial obrigou o
prefeito a cortar o Orçamento e
a suspender grandes projetos.
Em razão de desgastes políticos, o prefeito também teve de
mudar o governo, com a saída
do secretário das Subprefeituras, Andrea Matarazzo, um crítico na diminuição dos gastos
com limpeza pública.
O democrata ainda enfrentou críticas em razão dos enormes congestionamentos e também por medidas que adotou
para tentar melhorar a fluidez
no trânsito, como a restrição
aos ônibus fretados.
Em maio, também começaram a surgir os problemas com
a sujeira que tomou conta das
ruas após os cortes nas verbas
para varrição. Depois, o problema se agravou ainda mais, principalmente no centro.
No segundo semestre, uma
nova crise, quando a Secretaria
da Educação decidiu cortar ao
menos uma das cinco refeições
diárias na merenda servidas
nas creches municipais.
Nos três casos -restrição aos
fretados, verba de varrição e
merenda das creches-, Kassab
decidiu tentar evitar mais desgastes e recuou ao menos em
parte das medidas.
Porém, desde setembro a cidade vem sofrendo com as enchentes, outro problema normalmente atribuído ao prefeito. A pior ocorreu há duas semanas, com o fechamento das
marginais Tietê e Pinheiros e o
alagamento do Jardim Pantanal, na zona leste.
A nota média dada à gestão
foi de 5,4 -um novo indicador
negativo, já que ele havia alcançado 5,8 em março e 6,4, obtida
em novembro do ano passado.
Ainda assim, Kassab se mantém como quinto colocado em
um ranking de nove prefeitos
de capitais. A lista inclui ainda
Rio, Salvador, Recife, Fortaleza, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba e Florianópolis.
Renda
Kassab perdeu pontos entre
todas as camadas da população
nos estratos por idade, renda,
escolaridade e sexo.
O maior estrago para a imagem do prefeito ocorre entre os
eleitores com renda acima de
dez salários mínimos.
Nessa faixa, ele chegou a obter 76% de ótimo/bom em outubro de 2008 -agora conseguiu 35%.
Já entre a população mais carente, na faixa de renda de até
dois salários mínimos, a queda
foi muito menor, de seis pontos
percentuais, e o índice de aprovação ao prefeito é de 39%.
Outro sinal de desgaste entre
os chamados formadores de
opinião aparece quando o critério é por escolaridade. Entre os
pesquisados com ensino superior, a aprovação é de 37%, uma
queda de 12 pontos.
É exatamente a população
mais rica de São Paulo, segundo
avaliação de vereadores, que
será mais afetada com o aumento do IPTU, aprovado pela
Câmara Municipal neste mês.
Pessoas com ensino fundamental avaliam o prefeito um
pouco melhor -41% de ótimo/bom, mas ainda assim são
seis pontos abaixo do resultado
da pesquisa Datafolha de maio.
Quando o critério é a idade
do entrevistado, o maior estrago para Kassab ocorreu entre
pessoas de 25 a 35 anos (11 pontos percentuais a menos do que
em maio deste ano) e de 45 a 59
anos (dez pontos abaixo).
Porém, o prefeito ainda consegue ótimo/bom entre 44%
dos eleitores com mais de 60
anos de idade e 43% na faixa
etária dos 35 a 44 anos. Na opinião dos mais jovens, de 16 a 24
anos, Kassab merece 35% de
ótimo/bom e 28% de ruim/péssimo.
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