São Paulo, domingo, 28 de janeiro de 2001

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DROGAS
Do total de 157 toneladas apreendidas pela PF no país em 2000, 75% foram no Estado fronteiriço com o Paraguai

MS é maior rota de tráfico de maconha

Juca Varella/Folha Imagem
A fronteira do Brasil com o Paraguai é demarcada por uma rua asfaltada; do lado esquerdo da pista, fica a paraguaia Capitán Bado; do direito, Coronel Sapucaia (MS)


CELSO BEJARANO JR.
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CORONEL SAPUCAIA E CAPITÁN BADO

O Mato Grosso do Sul concentrou, no ano passado, 75% das apreensões de maconha do Brasil, um recorde histórico. Segundo a Polícia Federal, das 157 toneladas apreendidas no país em 2000, 118 foram nesse Estado. Enquanto isso, na fronteira com o Paraguai, desenrola-se uma guerra entre traficantes rivais, com assassinatos, prisões e vinganças.
Apreendeu-se mais do que em qualquer outro ano. As ações superam em 195% a quantidade de 1999. No Brasil, as apreensões de maconha também aumentaram no mesmo período: 127%. Só neste ano, a polícia já apreendeu 3,2 toneladas em Mato Grosso do Sul, número maior do que o total de 1995 (2,4 toneladas).
Na maioria das vezes, as apreensões ocorreram em blitze feitas em caminhões de madeira que usam estradas vicinais para fugir dos fiscais. A droga estava acondicionada em fundos falsos.
"Não existe uma explicação correta para esse aumento no número de apreensões. Pode ser um aumento da oferta ou um trabalho mais eficiente da PF", disse Getúlio Bezerra, diretor da DRE (Divisão de Repressão a Entorpecentes) da Polícia Federal.
Segundo ele, a fronteira de Mato Grosso do Sul possui pequenas estradas de penetração, no meio do mato, de difícil controle. "Privilegiamos o trabalho de inteligência e os golpes pontuais. Seria impossível controlar aquela região com cancelas ou barreiras."
Segundo a polícia, a maior parte da maconha entra pela fronteira oeste de Mato Grosso do Sul. Em uma das principais portas de entrada -Capitán Bado, no Paraguai, e Coronel Sapucaia (MS)-, separadas apenas por uma praça, os traficantes tentam unificar o comando do tráfico.
Disputam o controle desse comércio o grupo formado por Fernandinho Beira-Mar e o dos integrantes da família Morel, apontados pela CPI do Narcotráfico como os maiores traficantes de drogas na fronteira do Estado. O embate é uma guerra. Os dois lados sofrem baixas constantes.
O secretário de Segurança e Justiça de Mato Grosso do Sul, Almir Paixão, afirma que a "ordem é colocar mais homens na fronteira. Mas temos nosso limite, não podemos entrar em Capitán Bado."
"O que ocorre na região de Capitán Bado é o aumento de traficantes e o aumento de plantação da maconha", afirma o major José César de Souza Arar, subcomandante do Departamento de Operações de Fronteira, vinculado ao governo estadual.
A própria polícia do Paraguai reconhece que Capitán Bado é uma das regiões de maior produção de maconha do país. "Há muitas plantações de maconha por aqui. Atacamos sempre que possível, mas nosso efetivo é muito pequeno", disse Wilfrido Meza, da Polícia Nacional paraguaia.




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