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Em 2 anos, número de alunos cresceu 34%
Com promoções, matrículas nas 5 maiores instituições privadas do país aumentaram quase o triplo da média do setor
Para pesquisadores, a grande expansão, aliada à redução dos preços da mensalidade devido à concorrência, pode afetar a qualidade do ensino
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
Impulsionadas principalmente por uma guerra de preços nas mensalidades em São
Paulo e por promoções, como
sorteio de carros, as cinco
maiores universidades do país
registraram, de 2004 para
2006, aumento de 34% no número de alunos na graduação.
O crescimento é quase o triplo do verificado para o total
das instituições de ensino superior (12%) e mais que o dobro
do total das particulares (16%),
de acordo com o Censo da Educação Superior do Inep (instituto de pesquisa e avaliação do
Ministério da Educação).
As cinco maiores são todas
privadas -três paulistas se destacaram pelo crescimento:
Unip, UniNove e UniBan.
A Unip ganhou, em dois anos,
quase uma USP em alunos na
graduação: 43 mil estudantes
(aumento de 46%). Com isso,
voltou a ser a maior do país,
posto que até 2004 era da Universidade Estácio de Sá, do Rio.
A Estácio, que cresceu oferecendo mensalidades baixas,
mostra pelos dados do Censo
que já não consegue manter o
ritmo: de 2004 a 2006, ganhou
13 mil alunos, variando 13%.
Neste ano, está sorteando dois
carros em seu vestibular.
A UniNove (Centro Universitário Nove de Julho), terceira
maior, cresceu 44% e ganhou
18 mil estudantes. Com descontos no primeiro semestre,
cursos de licenciatura são
anunciados por R$ 170.
A UniBan teve, proporcionalmente, o maior crescimento no
período. Com 26 mil novos alunos, quase dobrou de tamanho
(variou 91%). A instituição
anuncia descontos de 25% e
cursos a partir de R$ 289.
A lista das cinco maiores é
completada pela Universidade
Salgado de Oliveira, com sede
no Rio, que, a exemplo da Estácio de Sá, diminuiu seu ritmo
de crescimento e variou 14%.
"Como possuem muitos alunos, as maiores conseguem diluir os gastos. Uma campanha
publicitária, por exemplo, tem
um impacto no orçamento
muito menor do que para uma
instituição pequena", disse o
consultor Carlos Monteiro.
Mantenedoras
Considerando as dez maiores
instituições (que, juntas, cresceram 24%), apenas duas são
públicas: USP, sétima maior
(48 mil alunos na graduação), e
Universidade Federal do Pará,
a nona (34 mil). As duas cresceram, respectivamente, 4% e 5%
no período. Em 1991, seis das
dez maiores eram públicas, e a
USP liderava.
Ryon Braga, da Hoper Consultoria, lembra que o tamanho
dos dois maiores grupos educacionais do país, Unip e Estácio,
é superior ao registrado pelo
MEC, já que essas instituições
são mantenedoras de outras
com diferentes nomes em diversos Estados.
Um levantamento feito por
ele com base no Censo da Educação Superior de 2006 estima
que, para 2007, a Unip já teria
192 mil alunos em 73 campi,
enquanto a Estácio chegaria a
189 mil em 62 campi, se fossem
incluídas todas as instituições.
Qualidade
A principal explicação para o
crescimento das grandes, segundo especialistas, é a redução nas mensalidades, o que
preocupa alguns pesquisadores. "Algumas cortaram custos
demitindo professores experientes e com salários maiores", diz o professor da Unesp
João Cardoso Palma Filho,
membro do Conselho Estadual
de Educação de São Paulo.
"Outras aumentaram a participação de ensino a distância
nos cursos presenciais, sem
avisar os alunos e desordenadamente", completa. A legislação
permite que até 20% do curso
tradicional seja a distância.
A questão da qualidade preocupa até a Abmes, associação
que reúne mantenedores de
instituições privadas. "A expansão é desejável, mas ainda
não é possível saber com precisão qual foi seu impacto", afirma o presidente da entidade,
Gabriel Mario Rodrigues, reitor da Anhembi Morumbi.
Como o crescimento dessas
grandes instituições é recente e
houve mudança nos critérios
de avaliação do governo FHC
para o de Lula, há poucos elementos objetivos para avaliar
os impactos na qualidade.
No Enade, exame que substituiu o Provão a partir de 2004,
a média de todos os cursos avaliados nas cinco maiores instituições varia de 2,6 a 3,2. Os
conceitos do Enade vão de 1 a 5.
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