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Hotel na Amazônia é suspeito de jogar lixo no rio Negro
Luxuoso, o Hotel de Selva Ariaú Amazon Towers é investigado pelo Ministério Público Federal do Amazonas por crime ambiental
BRENO COSTA
DA AGÊNCIA FOLHA
Um hotel de luxo na selva
amazônica, às margens do rio
Negro, é investigado pelo Ministério Público Federal do
Amazonas por crime ambiental. De acordo com a denúncia
investigada pela Procuradoria
da República em Manaus, o
Hotel de Selva Ariaú Amazon
Towers, localizado a aproximadamente 60 km a oeste de Manaus, está despejando lixo e
queimando resíduos na beira
do rio Negro, em área de preservação permanente.
Além do inquérito civil público instaurado em dezembro
passado, o Ipaam (Instituto de
Proteção Ambiental do Amazonas) diz que o licenciamento
ambiental do empreendimento, inaugurado em 1986, está
vencido desde 2006, e que, até
o momento, não houve pedido
de renovação da licença.
O dono do hotel, Francisco
Rita Bernardino, nega prática
ilegal (leia texto nesta página).
Ao inquérito foram anexadas
fotos que mostram garrafas de
vidro, caixas de papelão e de
madeira e lâmpadas fluorescentes, entre outros resíduos,
jogados na beira do rio Negro,
em área próxima ao hotel.
O empreendimento foi construído com uma proposta ecológica. Hoje, ele conta com 360
apartamentos construídos sobre palafitas, na altura da copa
das árvores. Um pacote de três
dias chega a custar R$ 2.500.
Entre os hóspedes que já estiveram no hotel, segundo Bernardino, estão o ex-presidente
dos EUA Jimmy Carter, o rei
espanhol Juan Carlos e o fundador da Microsoft, Bill Gates.
A procuradora responsável
pelo caso, Carolina Martins Miranda de Oliveira, não quis comentar detalhes do andamento
do inquérito -para não atrapalhar a investigação, diz ela.
Ofícios com pedidos de informações foram encaminhados
pelo Ministério Público Federal para o Ipaam, responsável
pelo licenciamento do hotel, e
para o ICMBio (Instituto Chico
Mendes de Conservação da
Biodiversidade), que gere o
Parque Nacional de Anavilhanas -o segundo maior arquipélago de água fluvial do mundo e
localizado a 10 km do hotel.
Os dois institutos dizem que
já determinaram que equipes
de fiscalização fossem aos arredores do hotel atrás de indícios
de irregularidades ambientais.
Se for comprovado que o hotel é responsável pelo despejo
do lixo na área, ele será denunciado à Justiça por crime ambiental. A pena para quem causa tal dano pode chegar a cinco
anos de reclusão.
A chefe do Parque de Anavilhanas, Giovanna Palazzi, diz
que até março deve concluir
um levantamento sobre o número de hotéis de selva no entorno do parque. A Folha conseguiu identificar oito hotéis
do tipo. Palazzi conta com apenas sete funcionários para fiscalizar uma área equivalente a
duas cidades de São Paulo.
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