São Paulo, quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

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Hotel na Amazônia é suspeito de jogar lixo no rio Negro

Luxuoso, o Hotel de Selva Ariaú Amazon Towers é investigado pelo Ministério Público Federal do Amazonas por crime ambiental

BRENO COSTA
DA AGÊNCIA FOLHA

Um hotel de luxo na selva amazônica, às margens do rio Negro, é investigado pelo Ministério Público Federal do Amazonas por crime ambiental. De acordo com a denúncia investigada pela Procuradoria da República em Manaus, o Hotel de Selva Ariaú Amazon Towers, localizado a aproximadamente 60 km a oeste de Manaus, está despejando lixo e queimando resíduos na beira do rio Negro, em área de preservação permanente.
Além do inquérito civil público instaurado em dezembro passado, o Ipaam (Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas) diz que o licenciamento ambiental do empreendimento, inaugurado em 1986, está vencido desde 2006, e que, até o momento, não houve pedido de renovação da licença.
O dono do hotel, Francisco Rita Bernardino, nega prática ilegal (leia texto nesta página).
Ao inquérito foram anexadas fotos que mostram garrafas de vidro, caixas de papelão e de madeira e lâmpadas fluorescentes, entre outros resíduos, jogados na beira do rio Negro, em área próxima ao hotel.
O empreendimento foi construído com uma proposta ecológica. Hoje, ele conta com 360 apartamentos construídos sobre palafitas, na altura da copa das árvores. Um pacote de três dias chega a custar R$ 2.500. Entre os hóspedes que já estiveram no hotel, segundo Bernardino, estão o ex-presidente dos EUA Jimmy Carter, o rei espanhol Juan Carlos e o fundador da Microsoft, Bill Gates.
A procuradora responsável pelo caso, Carolina Martins Miranda de Oliveira, não quis comentar detalhes do andamento do inquérito -para não atrapalhar a investigação, diz ela.
Ofícios com pedidos de informações foram encaminhados pelo Ministério Público Federal para o Ipaam, responsável pelo licenciamento do hotel, e para o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), que gere o Parque Nacional de Anavilhanas -o segundo maior arquipélago de água fluvial do mundo e localizado a 10 km do hotel.
Os dois institutos dizem que já determinaram que equipes de fiscalização fossem aos arredores do hotel atrás de indícios de irregularidades ambientais.
Se for comprovado que o hotel é responsável pelo despejo do lixo na área, ele será denunciado à Justiça por crime ambiental. A pena para quem causa tal dano pode chegar a cinco anos de reclusão.
A chefe do Parque de Anavilhanas, Giovanna Palazzi, diz que até março deve concluir um levantamento sobre o número de hotéis de selva no entorno do parque. A Folha conseguiu identificar oito hotéis do tipo. Palazzi conta com apenas sete funcionários para fiscalizar uma área equivalente a duas cidades de São Paulo.


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